Desde que o Wii foi lançado, a Nintendo sofre em criar um jogo de tiro em primeira pessoa que agrade aos fãs do console. Não é por acaso: é duro jogar esse tipo de game por culpa do joystick sensível aos movimentos do corpo – digamos que não é muito simples apontar para a tela na hora de mirar o alvo virtual.

Por isso soou como caça-níquel o anúncio da empresa de lançar para o console uma nova versão de Goldeneye 007 (1997), que foi uma febre do Nintendo 64. Ousado para a época, o produto surpreendeu pelos gráficos e pela história bem amarrada, algo que não costuma acontecer quando filmes são adaptados para os videogames. Fora que o modo multiplayer marcou época. Para finalizar, foi uma inovação para a empresa, acostumada a ter jogos “fofos”.

Ainda bem que a Nintendo só pegou o hype em torno do jogo de 14 anos e não quis fazer uma simples atualização, um remake. Comemore: o Wii não tem (quase) nada do Goldeneye do 64.

A Activision tomou cuidado em manter a aura saudosista em relação ao produto anterior da RARE, mas mudou praticamente tudo e fez uma nova leitura do longa-metragem. Em vez de Pierce Brosnan agora temos Daniel Craig, por exemplo, o que significa um James Bond mais “porradeiro” e violento.

Novos personagens foram incluídos também, assim como as fases que fazem leves referências ao material original – a famosa cena do banheiro continua intacta. O resultado é um game mais complexo, difícil e adaptado para os tempos atuais: o agente secreto tem um smartphone com software de reconhecimento facial, por exemplo.

A narrativa segue a do filme, com Bond no começo trabalhando ao lado de 006, Alec Trevelyan, que se revela um agente duplo. As missões seguintes são similares ao longa, como o tiroteio às escuras que acontece dentro de uma boate em Barcelona (Espanha).

A Nintendo mandou bem em criar diferentes maneiras de jogar com seu joystick. Há opções para quem não está acostumado a brincar com o WiiMote neste tipo de game a até para quem é nostálgico ao ponto de usar o controle do GameCube.

Goldeneye 007 também não faz feio para quem é fã de soltar o dedo na pistola. A primeira fase, por exemplo, tem explosões de todos os tipos e tiroteio comendo solto. Uma grata surpresa.

A jogabilidade também é interessante. A campanha principal, que tem cerca de 10 horas de duração, cobram do jogador experiência e malícia em não apenas sair por aí se sentindo o Rambo. Também são divertidos os momentos que exigem que se chacoalhe os controles para pilotar um avião ou esmurrar um oponente.

O porém do título são os gráficos, algo que já se era imaginado. O Wii não tem o hardware do PS3 ou do Xbox 360, até mesmo por isso não se aventura na seara dos games de tiro em primeira pessoa. Goldeneye não é realista e frustra nesse sentido, ainda mais para quem já pegou nas mãos clássicos instantâneos como os últimos jogos da série Call of Duty.

Goldeneye 007 é diversão garantida e usa o máximo que o Wii possa oferecer. Terminá-lo só deixa um gostinho de quero mais e a ideia do quão legal seria esse jogo se ele ganhasse também uma versão para os outros consoles de última geração.


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Goldeneye recria clássico do Nintendo 64 para o Wii