Uma equipe de pesquisadores americanos constatou que a administração de um hormônio chamado goserelina em mulheres com um tipo de câncer de mama, com receptores hormonais negativos, é um bom método para preservar a fertilidade apesar da quimioterapia.

O estudo foi divulgado na quinta-feira na reunião anual de ASCO (Sociedade Americana de Oncologia Clínica), focada em como melhorar não só a taxa de sobrevivência dos pacientes, mas a qualidade de vida durante a doença.

O trabalho sobre fertilidade foi liderado por Halle Moore, da Clínica Cleveland, nos Estados Unidos, que explicou em entrevista coletiva que as mulheres que receberam goserelina junto com a quimioterapia foram 64% menos propensas a desenvolverem insuficiência ovárica prematura, em comparação com as quais só foram tratadas com a quimioterapia.

O estudo está na fase III (ensaio clínico em estado avançado) e foi realizado com 257 mulheres em estágio inicial de um tipo de câncer de mama, com receptores hormonais negativos.

“Preservar a fertilidade é uma preocupação comum entre as mulheres jovens ao serem diagnosticadas com câncer e esta descoberta oferece uma possibilidade simples e nova para as mulheres com tumores de mama e a possibilidade de estendê-lo para outros cânceres”, explicou Moore.

Para a pesquisadora, “a goserelina parece ser não só altamente segura, mas também eficaz, já que aumenta as probabilidades de engravidar e ter um bebê saudável depois da quimioterapia”.

A goserelina, administra por via venosa às pacientes, atua sobre as funções ováricas, colocando as pacientes em um estado de pós-menopausa, o que parece proteger os folículos do ovário do dano causado pela quimioterapia.

O trabalho revelou que dois anos depois do começo da quimioterapia, 8% das mulheres que receberam a goserelina tiveram problemas nos ovários, contra 22% no grupo só de quimioterapia.

21% das mulheres (22 pacientes) que receberam quimioterapia e goserelina ficaram grávidas, contra 11% (12 pacientes) das que só foram tratadas com quimioterapia. A gravidez chegou ao final em 16 casos (no primeiro grupo) e em 8 nas mulheres que só receberam quimioterapia.

O trabalho também demonstrou que o grau de sobrevivência das pacientes que receberam goserelina e quimioterapia foi maior. Elas tiveram 50% a mais de probabilidades de continuarem vivas quatro anos depois do início do tratamento em relação ao outro grupo.

A doutora Moore disse que, apesar dos dados terem sido surpreendentes, ainda são necessários mais estudos para entender o comportamento da goserelina no câncer de mama.

Este é um dos estudos que demonstram que é possível melhorar a qualidade de vida dos pacientes de câncer, comentou Patricia Ganz, especialista de ASCO e da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

ASCO reúne mais de 25 especialistas de todo o mundo até 3 de junho e ainda discutirá câncer de mama, ovário, próstata, pulmão ou melanoma.

 

 

 


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Uso de hormônio ajuda a preservar fertilidade em mulheres com câncer de mama