Escutas telefônicas autorizadas pela justiça comprometeram ainda mais a vida do atacante Adriano, que recentemente trocou o Flamengo pela Roma, investigado pelo suposto envolvimento com traficantes de uma favela do Rio de Janeiro, segundo disse a imprensa local neste sábado (5).

“Não esquece amanhã cedo de ir lá trocar o negócio (cheque no banco). Para dar logo essa parada, esse bagulho, para os caras lá”, pediu Adriano a um de seus primos, em uma das conversas gravadas pela Polícia dezembro do ano passado. Em seguida, o primo acatou a ordem e respondeu “Está bom” ao atacante.

Em outra ligação, Adriano diz ao mesmo primo que só tinha R$ 30 mil disponíveis no banco, mas que o cheque tinha sido preenchido com o dobro, R$ 60 mil.

“O Marcos, lá do banco, ele ‘tá’ procurando ver se consegue o dinheiro, porque ele só tem 30 lá. Aí ele falou: ‘Pô, Adriano, só tenho 30 aqui, faz um cheque de 30’. Não, o problema é que eu fiz um cheque de 60. Aí ele: ‘Tranquilo, então eu vou tentar ver aqui e te falo’. Espera ele me ligar pra ver se consegue esse dinheiro e eu te ligo”, comentou.

Na quarta-feira passada, Adriano se apresentou ao Ministério Público do Rio de Janeiro, onde teve que depor por quase duas horas sobre as chamadas rastreadas pela Polícia desde dezembro do ano passado, como parte de uma investigação sobre o tráfico de drogas em três favelas da cidade.

A suspeita é de que o dinheiro foi entregue a Fabiano Atanasio da Silva, conhecido como “FB” e apontado como o chefe do tráfico de drogas na favela da Vila Cruzeiro, onde nasceu o jogador.

Adriano negou qualquer tipo de envolvimento com os supostos traficantes, mas admitiu ter sido procurado por “FB” para “ajudar” na organização de uma festa para crianças carentes do bairro.

No entanto, o ex-jogador do Flamengo declarou que preferia que sua mãe fosse a encarregada de participar e fazer a doação diretamente para a festa.

Apesar de fazer parte do processo de investigação como uma testemunha, sem, no entanto, ser acusado de delito algum, o atacante poderá deixar o País neste domingo, quando viajará para a Itália para finalizar a transferência com a Roma.

O Ministério Público, no entanto, qualificou como “estranho” o fato de que o jogador não tenha sido indiciado depois que a própria Polícia pediu para quebrar o sigilo telefônico e bancário do jogador.

O artilheiro do Campeonato Brasileiro em 2009 também deverá comparecer à delegacia de Polícia para dar explicações sobre umas fotos publicadas pela imprensa local nas quais ele aparece posando com fuzis.

Segundo a assessoria de imprensa do atacante, uma das armas é de brinquedo, usada para se jogar paintball, e a outra é uma vara de abajour em forma de fuzil.

Em março, Adriano havia comparecido a outra delegacia para explicar sua relação com um traficante, Paulo Rogério de Souza Paz, que supostamente o presenteou com uma motocicleta.

Adriano admitiu conhecê-lo desde que era criança, mas negou ter ganhado a moto, comprada por um amigo com o cartão de crédito do jogador e registrada no nome de sua mãe, que não tem licença para dirigir.


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Escutas telefônicas indicam envolvimento de Adriano com supostos bandidos

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