O quarteto carioca Ramirez chegou com tudo no cenário nacional do rock independente do Brasil, conseguindo realizar uma extensa turnê nacional que cobriu grande parte do território brasileiro logo em seu disco de estreia. Entre o hardcore melódico que tem consagrado tantas bandas e o powerpop descompromissado, os fluminenses arrebanharam um bom número de fãs e pavimentaram a estrada para seu segundo disco, o recém lançado Desembarque.

Mesmo sem uma gravadora para gerir sua carreira, os quatro jovens músicos conseguiram encontrar sua própria maneira de manter o contato com seus fãs. A propaganda involuntária e as redes de relacionamento tornaram-se fortes aliadas do grupo, possibilitando a auto-promoção da banda e culminando na distribuição gratuita de seu segundo disco como parte do processo.

Falamos com exclusividade com o baterista Mateus de Giacomo, que nos atendeu com toda a boa vontade e bom humor do mundo, para conversar sobre os novos rumos na carreira da banda e a mudança dos integrantes para São Paulo. Veja abaixo a entrevista na íntegra.
 

Virgula – Primeiro de tudo, paraem béns pelos segundo disco e pela atitude de liberar o CD pra download no site oficial de vocês. Conta pra gente como rolou esse decisão?

Mateus de Giacomo – O fato de sermos uma banda independente facilitou muito essa nossa decisão. Vemos essa distribuição como uma coisa inevitavel nos dias de hoje. Como sabemos que não há como evitar que um disco caia na rede, a gente optou por cortar os intermediários e deixar no nosso site de graça. Nós mesmo quase não compramos CD. É só um disco ou outro e de alguma banda que a gente goste muito. A gente compra mais vinil mesmo (risos). É inevitavel. Deixar pra galera baixar foi uma coisa que refletiu muito bem. Acho muito mais divertido isso. Você chega pra tocar e todo mundo já sabe as letras e já ouviu seu som. Pra nós foi ótimo.

Virgula – Vocês tem um contador de downloads? Já sabem quantas vezes o disco foi baixado?

Mateus – O disco já está na casa dos 50 mil downloads. Esse número nos deixa muito feliz.

Virgula – 50 mil é um belo número. Vale um disco de ouro dos tempo áureos, não?

Mateus – (Risos) É. Eu não sei se nos tempos áureos das vendas né? No meio dos anos noventa o povo vendia 500 mil, um milhão de discos. Depois eles até mudaram os números dessas certificações. Mas no nosso caso não importa muito isso. Esse número realmente já é um orgulho pra nós.

Virgula – Qual a relação de vocês com a internet? Vocês são fissurados, ficam navegando sempre, ou só o mínimo necessário?

Mateus – Bom. Eu não passo o dia inteiro na internet. Mas  qualquer pessoa na casa dos 20 tem uma relação forte com a internet hoje em dia. Ainda mais pra quem tem banda. Pra mim é muito natural. A gente posta no fotolog, no orkut, myspace, twitter, blog…Enfim. Tudo atualizado por nós mesmos. Ninguém da banda passa o dia todo fazendo isso. Pra mim, nunca é saudável ficar enfiado em uma mesma coisa o tempo todo.

Virgula – E o título Desembarque? Tem a ver com a mudança pra São Paulo?

Mateus – Na verdade tem mais a ver com nossa mudança de mentalidade. Estamos desembacado com a nossa musica no cenário. Nosso primeiro disco nos apresentou para as pessoas e o segundo chega pra estabelecer um trabalho. Desembarque tem a ver com a nossa ideia chegando de vez para as pessoas e com nosso trabalho sendo consolidado.

Virgula – Sempre rolou aquela rixa de cariocas e paulistas né? A gente sabe que os fãs de SP gostam de vocês do mesmo jeito que os do Rio. Mas e o povo daqui? Vocês têm que aguentar muita piadinha por serem cariocas?

Mateus – Temos sim (muitos risos) Mas eu sinto que isso tem diminuido com o passar do tempo. Acho que as pessoas tem percebido que na verdade é muito mais legal ser unido do que se preocupar com essas coisas. Mas assim, meu nome é Mateus. Então quando alguém me pergunta meu nome aqui, eu respondo e já ouço na hora: “Aaaaa! Você é carioca? Ixquessi o ixqueiro na ixquina da ixcola…” (mais risos)

Virgula – Ʌ Esse tipo de brincadeira é meio inevitável por aqui…

Mateus – Ah sim. Mas eu levo na boa. A única coisa é que eu não posso pedir informação por aí. Da última vez, viram que eu era carioca e me deram uma informação errada. (risos) Acabei indo para em outro lugar!

Virgula – Me conta um pouco sobre a gravação do clipe de Em Roma e Lyon. Onde foram as gravações ? Quem dirigiu? E vocês curtiram o resultado final?

Mateus – Eu curti muito mesmo. Achei que ficou muito acima do que nós estávamos esperando. O Henrique Sauer, amigo nosso de longa data, foi quem dirigiu o clipe. O roteiro foi inteiro nosso mesmo. Gravamos no rio em três lugares diferentes. Foi muito legal. O lance das fantasias, de ter que se vestir de mulher… Foi hilário. Eu não, mas o Thiago e o Pedro ficaram quase duas horas pra se transformar em mulher. (risos) Foram até almoçar vestidos de mulher e o povo ficou perguntando se era uma peça de teatro ou algo assim. Foi bem corrido mas gravamos tudo em dois dias, com mais ou menos 12 horas de gravação por dia.

Virgula – E o próximo passo? Tem mais algum clipe em mente ou vão focar 100% em viajar?

Mateus – O lance agora é fazer os shows e trabalhar bem esse clipe, mas já estamos pensando num clipe novo sim. Temos algumas ideias encaminhadas para isso. Mas nesse momento estamos mesmo voltados para fazer mais shows e viajar bastante.

Virgula – Tem alguma cidade que vocês ainda querem muito tocar?

Mateus – Olha, na última turnê nós rodamos bastante. Todos os lugares por onde passamos são muito especiais para nós. Eu sei que isso é muito clichê, mas é a verdade. Nossa meta agora é tocar no Credicard Hall, que é a maior casa de São Paulo. Pode anotar!


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Baterista do Ramirez fala sobre nova fase de banda e mudança para São Paulo