O Brasil e a União Europeia (UE) se comprometeram nesta terça-feira a promover uma luta contra a mudança climática coerente com a responsabilidade de cada país por suas emissões de CO2, mas não fixaram prazos nem porcentagens conjuntas.

Em declaração ao término de sua terceira cúpula bilateral, realizada em Estocolmo, as duas partes indicaram que a máxima prioridade é canalizar os compromissos globais diante da conferência da ONU sobre o clima que será realizada em Copenhague, em dezembro.

Sem propor números nem datas concretas para a redução de emissões, destacaram que a temperatura média global não deveria ultrapassar dois graus a mais em relação ao nível pré-industrial, e para isso propõem compromissos vinculados aos países desenvolvidos, assim como ações de redução dos efeitos do aquecimento global apropriadas para os países em desenvolvimento.

Precisamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou, em entrevista coletiva ao término da reunião, sobre a possibilidade de que cada país informe em Copenhague sobre suas emissões poluentes e o quanto está disposto a deixar de poluir em um prazo concreto.

Em sua declaração, o Brasil e a UE propõem que seja fixado o mais rápido possível o momento limite para que as emissões globais e nacionais de dióxido de carbono (CO2) comecem a diminuir, e reconhecem que o prazo para os países em desenvolvimento deve ser mais longo, já que sua prioridade é o desenvolvimento sócio-econômico e a erradicação da pobreza.

Da versão final do texto, desapareceram datas e números que eram previstos nas minutas, que fixavam limite em 2020, ou que inclusive chegavam a sugerir diminuir as emissões globais até 2050 em 50% a respeito dos níveis de 1990.

O primeiro-ministro sueco e presidente rotativo do Conselho Europeu, Fredrik Reinfeldt, admitiu que há muita preocupação com a falta de esforços concretos diante da reunião de Copenhague. No entanto, reconheceu o trabalho do Brasil para combater o aquecimento global através de seu Plano Nacional e elogiou a eficácia de seu programa para reduzir o desmatamento da Amazônia, considerado um exemplo para outros países em desenvolvimento pelo presidente da Comissão Europeia (órgão executivo da UE), José Manuel Durão Barroso.

“O Brasil não pode assumir o desmatamento zero, sempre vai haver alguém que corte uma árvore, mas o que o Brasil está tentando fazer é uma revolucionária e muito forte política” na floresta amazônica, resumiu Lula, uma estratégia que em 2009 gerou a taxa mais baixa de desmatamento em 20 anos, acrescentou.

As duas partes também reafirmaram seu compromisso político de promover o uso de energias renováveis, incluindo a produção e utilização de biocombustíveis, e destacaram a importância do cultivo agroecológico da cana-de-açúcar no Brasil para este propósito.

Na opinião de Lula, esse tipo de cultivo não ameaça a segurança alimentar nem a preservação da floresta amazônica, e o Brasil e a UE já decidiram impulsionar juntos seu desenvolvimento e com terceiras partes, como a África, onde têm planos de implantar uma iniciativa conjunta para a produção sustentável de bioenergia.

Entre os projetos que querem desenvolver em outros países, destacam-se os centrados nas áreas da saúde, energia, agricultura ou educação, especialmente em países de língua portuguesa.


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Brasil e UE promoverão luta responsável contra mudança climática