O Brasil é o país que mais recolhe embalagens de agrotóxicos no mundo. Dados do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inPEV), entidade financiada pelas indústrias do setor, apontam que 24,4 mil toneladas de embalagens foram recolhidas em 2008. Isso significa que 94% das embalagens vendidas são devolvidas para receber tratamento adequado.

“Sozinhos, recolhemos mais da metade do total de embalagens recolhidas em todo o mundo”, informa o gerente de Logística do inPEV, Mário Fuji. Segundo ele, até agosto de 2009 o país já recolheu 19,734 mil toneladas desse tipo de embalagem, número 17,6% superior ao registrado no mesmo período de 2008.

Fuji explica que nos Estados Unidos apenas 20% das embalagens são recolhidas. No Japão esse índice é de 50%, enquanto na França é de 74%. No Canadá, 73% das embalagens são recolhidas e na Alemanha, 78%.

Os especialistas da área creditam à legislação e à conscientização dos agricultores como os principais  motivos do destaque brasileiro, comparado a outros países.

“Existe uma lei federal [Lei 7.082] que determina: ao adquirir agrotóxicos, o produtor tem que devolver em até um ano a embalagem do produto nos postos de recolhimento”, explica o gerente de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria de Agricultura do Distrito Federal, Álvaro Caldas.

“Os agricultores brasileiros realmente captaram a mensagem de que essas embalagens representam grande risco para o meio ambiente e para seres vivos”, avalia Mário Fuji. “Mas as campanhas publicitárias foram peças muito importantes para conscientizá-los”, completou.

O gerente de Logística do inPEV disse que já foram realizadas três campanhas publicitárias sobre o tema. A última foi entre meados de 2007 e 2008, com mais de 3 mil inserções. “Muitas foram gratuitas graças ao apoio que a causa obteve na mídia”, explica Fuji.

Ao comprar agrotóxicos nas revendedoras os agricultores são imediatamente informados sobre como fazer a devolução das embalagens vazias. “Essas revendas têm a obrigação de colocar, na nota, os postos e as centrais de recebimento. São cerca de 399 unidades espalhadas por todo o país”, disse Fuji.

“Cabe ao inPEV recolher as embalagens nessas unidades, transportá-las e dar a elas o destino final ambientalmente correto, enquanto às revendas e cooperativas cabe disponibilizar e gerenciar as unidades de recebimento. Aos órgãos estaduais de agricultura cabe fiscalizar o processo”, explica Caldas.

Os agricultores também têm suas responsabilidades. “Além de entregar a embalagem no prazo de até um ano após a compra, os agricultores são responsáveis por lavá-las e inutilizá-las, com um furo, após o uso. Eles precisam ter, também, um lugar específico e seguro para o acondicionamento, longe de alimentos, animais e pessoas”, disse Fuji.

Depois de recolhidas e tratadas, as embalagens de agrotóxicos – geralmente feitas de polietileno de alta densidade – seguem para empresas de reciclagem.

“É importante ressaltar que apenas as empresas licenciadas pelos órgãos de meio ambiente estaduais podem receber esses materiais para evitar que eles sejam utilizados para a fabricação de utensílios domésticos, como os que armazenam alimentos”, adverte Caldas.

O gerente da Secretaria de Agricultura do DF explica que a partir do material reciclado é possível fabricar conduítes e dutos para fios elétricos, caixas plásticas, caçambas, embalagens para óleo automotivo, tubos para esgoto, suportes para fios de postes de energia, sacos plásticos para descarte e incineração de lixo hospitalar, além de tampas para outras embalagens de agrotóxicos.

Para obter mais informações sobre como são os procedimentos para a devolução de embalagens de agrotóxicos os interessados devem procurar as revendas do produto em seu estado ou os órgãos de fiscalização, em geral secretarias de agricultura ou agências estaduais.


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Brasil já recolheu 19,7 mil toneladas de embalagens de agrotóxicos em 2009