O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, se tornou hoje protagonista do Festival de Cinema de Veneza antes da projeção oficial do documentário South of the Border (“Ao sul da Fronteira”, em tradução livre), de Oliver Stone, que mostra os feitos do venezuelano e de outros governantes da América Latina.

“É uma boa forma de fazer uma homenagem à resistência latino-americana”, afirmou o presidente venezuelano.

“Estamos assistindo ao renascimento da América Latina e Stone soube captar muito bem com sua câmera e seu gênio”, elogiou Chávez ao falar sobre o documentário do qual é o protagonista.

Muito à vontade com as crianças que se amontoavam na entrada do Palácio do Cinema, Chávez destacou a importância das mudanças que ocorrem em seu país, que até agora só exportava petróleo, mas vai começar a vender “vinho, milho, gás e energia”.

Procedente do Turcomenistão, a última escala de uma viagem por países da Ásia, África e Europa, o presidente da Venezuela chegou pouco antes do início da projeção do filme, acompanhado por Oliver Stone e cercado por seguranças.

Caminhando pelo tapete vermelho como se fosse uma estrela de Hollywood, Chávez permaneceu no local por cerca de 20 minutos, cumprimentando, dando autógrafos e falando de matemática, de filosofia e de qualquer outro assunto com quem o abordava.

Ao som de música boliviana e diante da presença de um opositor de seu Governo – um homem ostentava um cartaz que dizia “Venezuela livre” -, o chefe de Estado venezuelano esteve sorridente e próximo do público o tempo todo.

Fora da mostra competitiva em Veneza, o documentário de Stone faz um discurso elogioso ao trabalho de Chávez e de outros presidentes da América Latina, inclusive Luiz Inácio Lula da Silva.

A presença do presidente venezuelano em Veneza serviu para colocar em segundo plano a discussão sobre a qualidade do documentário. As atenções se voltaram para a presença de um dos personagens mais controvertidos da política atual.

Admirador confesso do governante da Venezuela, Stone disse estar convencido de que a Europa e o mundo estão carentes de “dezenas de Hugo Chávez”.

Ao falar com a imprensa presente em Veneza, o diretor defendeu a política do presidente da Venezuela, assim como sua disciplina e sua honestidade.

“Se você vai à Venezuela, é fácil constatar que 80% ou 90% da imprensa é contra Chávez. Dizem coisas muito duras a seu respeito e ele permite tais críticas, não castiga essas pessoas. Nos Estados Unidos, entretanto, isso não aconteceria”, afirmou o cineasta.

Na mesma medida em que admira Chávez, Stone demonstra sua rejeição ao presidente colombiano, Álvaro Uribe, para ele,”uma das forças demoníacas na América Latina”.

O diretor também demonstrou louvar a batalha contra o Fundo Monetário Internacional (FMI) e contra as multinacionais travada por alguns países latino-americanos.

Para o co-roteirista de “South of the Border”, o escritor paquistanês Tariq Ali, isso é um exemplo de que “o capitalismo está em crise” e é necessária uma “visão diferente do mundo, não necessariamente nova”, que poderia estar em uma recuperação da época da Europa da social-democracia, que agora se encontra na América do Sul.

Após sua passagem por Veneza, Chávez segue amanhã segue para Belarus.


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Chávez vira celebridade no Festival de Cinema de Veneza