Por quase um milagre, já que raramente esse tipo de coisa acontece em megashows realizados no Brasil, o Metallica se dispôs a fazer uma entrevista coletiva no início da noite deste sábado (30), horas antes de subir ao palco montado no estádio do Morumbi para fazer o primeiro show da turnê Death Magnetic em São Paulo.


 


É claro que, no alto de sua importância como maior – em número de hits, discos vendidos, fãs – banda de rock pesado em atividade, o quarteto recebeu tratamento de estrela por parte de sua gravadora, a Universal Music. E fez questão de se portar como tal: meio entediados e de óculos escuros, James Hetfield, Kirk Hammett, Robert Trujillo e Lars Ulrich deixaram os jornalistas esperando por quase uma hora, falaram por só 20 minutos e deram respostas meio sinceras meio irônicas.


 


Não faltou nem a tradicional entrega de premiações por cópias vendidas no Brasil: 40 mil do CD Death Magnetic (2009), o que lhes garantiu disco de ouro, e 60 mil do DVD Orgulho, Paixão e Glória, lançado no fim do ano passado, que levou disco de platina. Números que, se dificilmente são atingidos por qualquer outro artista estrangeiro, mostram que a indústria fonográfico é mesmo um tigre que está perdendo os dentes. Mas a pompa, claro, continua firme.


 


Também como toda entrevista coletiva pré-show, não faltaram as tradicionais perguntas sobre a expectativa para a apresentação em São Paulo e as lembranças que os integrantes do Metallica têm do Brasil.


 


“Para este show, esperamos muita paixão e fãs de todas as idades, especialmente os mais jovens. E, em relação à nossa passagem anterior por aqui (em 1999), a diferença é que nós praticamos mais, somos melhores músicos”, afirmou Hetfield. “Nos lembramos do Rio de Janeiro, da praia. Os brasileiros são muito apaixonados. O show em Porto Alegre [na última quinta (28)] foi demais e achamos que os próximos serão melhores”, disse Ulrich. Tudo dentro do script. 


 


Entre comparações com os outros baixistas do Metallica – e os elogios de praxe a Trujillo e a lenda Cliff Burton, sendo que Jason Newsted foi classificado como “mais tradicional” – e outros assuntos previsíveis, o mais interessante foi a afirmação de que o grupo tem de “60 a 70 músicas” na ponta dos dedos e pode colocar qualquer uma delas no setlist das apresentações na capital paulista.


 


 “Depende do que estamos sentindo, do que tocamos melhor das outras vezes. Além disso, tocar sempre as mesmas coisas deixa tudo muito mecanizado, no piloto automático”, completou Ulrich. Ou seja, se você, fã da banda, achou na Internet o repertório dos shows anteriores e está com tudo decorado, pode quebrar a cara. Até The Unforgiven 3, do novo disco, que ainda não foi tocada ao vivo, pode aparecer no roteiro. “Temos algumas horas para decidir isso”, brincou o baterista. Desde que eles não toquem nada do odiado álbum St. Anger (2003), os fãs não vão reclamar.


 


No fim da entrevista, Hetfield deixou escapar que o Metallica já tem material para um próximo disco – que, como nos álbuns anteriores, é composto durante a turnê anterior. “Estar na estrada, para mim, é muito inspirador. Sempre saem alguns riffs”, explicou. “Mas não sabemos como será a sonoridade do próximo CD até nos sentar e trabalhar as ideias. Amamos o desconhecido e vamos ver o que rola”, completou. É óbvio, nada disso será mostrado aqui: o paulistano vai ouvir mesmo Enter Sandman, Master of Puppets e todos (ou quase) hits da banda que martelam nas rádios brasileiras.


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