O confronto entre policiais e moradores da favela de Heliópolis terminou com 21 detidos, cinco coletivos queimados e quatro viaturas depredadas. Na terça-feira (1º), pela segunda vez, houve protestos na comunidade da zona sul da capital por causa da morte de Ana Cristina de Macedo, de 17 anos. A jovem morreu na madrugada de segunda-feira (31), vítima de uma bala perdida em tiroteio entre guardas municipais de São Caetano do Sul e ladrões de carro.

Na noite de terça, as cenas de vandalismo que se viam eram semelhantes às do dia anterior, mas numa proporção muito maior. Um grupo incendiou três ônibus, dois micro-ônibus e dois carros na rua Coronel Silva Castro, avenida Almirante Delamare e imediações. Cinco viaturas do Corpo de Bombeiros estiveram no local para apagar o fogo, que atingiu a rede elétrica provocando explosões.

A entrada da favela de Heliópolis foi fechada e vários obstáculos foram colocados pelos vândalos. A Força Tática da PM lançou bombas de efeito moral e balas de borracha contra os manifestantes que escreveram a palavra “Justiça” no asfalto. A Tropa de Choque também foi chamada, e os moradores responderam com pedradas e houve muita confusão.

No começo da madrugada, com a situação sob controle, o capitão da PM, Maurício Araújo, detalhou o balanço da operação. O protesto teria sido organizado pela manhã com a distribuição de panfletos e a promessa de cestas básicas para quem participasse. O capitão Émerson Massêra, porta-voz da Polícia Militar, afirma que a manifestação provavelmente foi incentivada por criminosos.

Mais cedo, uma testemunha chave afirmou à polícia que GCMs efetuaram o disparo que matou a estudante. O delegado assistente do 95º Distrito Policial, Gilmar Contrera, confirmou o depoimento. A testemunha contou que viu o exato momento em que os GCMs efetuaram os disparos de pistola. O delegado conta que os guardas civis entregaram seus revólveres calibre 38 à Polícia Civil.

Logo depois, o secretário de Segurança de São Caetano do Sul, Moacir Rodrigues, concedeu uma coletiva de imprensa, na qual defendeu o trabalho dos guardas. Ele contou que o histórico da GCM é de um trabalho moderado, sem violência e que a ocorrência é inédita. Os três guardas civis metropolitanos envolvidos na morte da jovem foram afastados do trabalho e serão submetidos a um processo administrativo.

O coronel Hermes Cruz, oficial da reserva da Polícia Militar, defende que os guardas utilizem armas desde que estejam adequadamente treinados. Já o ex-secretário Nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva, avalia que enfrentar ladrões de carro não é competência da Guarda Civil.

O especialista em segurança ressalta que esses agentes são treinados para resguardar prédios públicos municipais. A vítima Ana Cristina Macedo, de 17 anos, que trabalhava durante o dia e estudava à noite, deixou uma filha de um ano e oito meses. A jovem tinha planos de morar com o pai da criança até o final do ano, em Carapicuíba, na Grande São Paulo.


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Confronto em Heliópolis termina com 21 detidos