Cada vez que surge um novo indicador da economia no mundo o resultado é considerado o pior em dezenas de anos. Não foi diferente com os dados do comércio global, que segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC) irá cair 9% neste ano, maior retração desde a Segunda Guerra.

No entanto, desde o crash da Bolsa de Nova York em 1929, o mundo passou por diversos momentos de grandes dificuldades. Conheça as principais crises globais desde 1929:

O crash de 1929

Nos Estados Unidos o clima era de grande euforia, com os investidores de Wall Street vivendo de especulação e com a ilusão do crescimento da economia, que não tinha uma sustentação em bases reais. A bolsa passou então a acumular fortes baixas até que chegou o dia 29 de outubro, conhecida como “terça-feira negra”, quando a chega foi de 12%.

O que se viu foi uma série de tragédias pessoais, uma crise no setor bancário e uma onda de falências. Tudo isso gerou queda na produção e desemprego em níveis alarmantes. O mundo foi arrastado para a Grande Depressão. No Brasil, os mais afetados foram os cafeicultores, que perderam a fonte de financiamento e os compradores do mercado externo. A situação mundial só começaria a se recuperar após Franklin Roosevelt assumir a presidência dos EUA em 1933, instituindo a política do New Deal.

A Segunda Guerra Mundial

Pouco tempo depois da Grande Depressão, as economias do mundo se viram mais uma vez abaladas. Desta a vez a “culpada” foi a guerra e atingiu profundamente a Europa. No entanto, já coma experiência do que aconteceu em 1929, os países chegaram ao Acordo de Bretton Woods, que acabou dando origem ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial.

Na ocasião, 44 países assinaram o acordo na cidade de Bretton Woods (New Hampshire, EUA), em julho de 1944, era estabelecer regras de convivência na economia mundial. Foi nessa época que surgiu um padrão cambial atrelado ao dólar, que, por sua vez, teria lastro em ouro. Ao FMI, caberia sua manutenção.

Os choques do petróleo

O petróleo foi durante muitos anos um produto que sobrava em todo o mundo e tinha seu preço muito baixo. Isso até 1973, quando estourou a Guerra do Yom Kippur, entre Israel e países árabes. Com isso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) cortou parte de sua produção e interrompeu o fornecimento aos EUA.

A oferta de petróleo caiu, mas a demanda seguiu alta, o que fez com que o preço do barri avançasse de US$ 3 para US$ 12 em meses de três meses. Esse foi o primeiro choque do petróleo.

A situação se repetiu em 1979, quando a cotação do barril saltou para US$ 30. Isso fez com que os bancos americanos que financiavam países em desenvolvimento sentissem o impacto e encareceram os empréstimos.

A moratória mexicana

Em agosto de 1982, o México suspendeu o pagamento de sua dívida externa, para a surpresa da comunidade financeira internacional. Os juros superavam US$ 20 bilhões, para um principal de US$ 86 bilhões. Essa moratória foi a primeira de uma série de países da América Latina ao longo da década de 80, entre os quais o Brasil. Naquela época, o endividamento externo da região somava US$ 220 bilhões. Foi o início de um longo período de renegociações com o FMI e o Clube de Paris.

O susto de 1987

O mundo viveu o temor de um novo crash da bolsa de Nova York no dia 19 de outubro de 1987. Na ocasião, o índice Dow Jones perdeu 22%, quase o dobro do crash de 1929. O cenário só não foi semelhante ao da década de 20, pois o mundo vivia uma fase de crescimento econômico acelerado acima da média histórica, expansão rápida de crédito e um forte boom no mercado acionário.

As perdas se arrastaram pelas bolsas de todo o mundo, que perderam mais de10%. A situação marcou o fim da política econômica do então presidente Ronald Reagan, com cortes nos gastos públicos. O recém empossado como presidente do Federa Reserve (o banco central americano), Alan Greenspan atuou rápido, baixando os juros. Nessa época, os EUA criaram o “circuit breaker” para interromper negócios na bolsa em dia de forte oscilação.

O efeito-tequila

Apenas em 1994, as reservas internacionais do México recuaram de US$ 29 bilhões para quase zero, numa enorme fuga de capitais. Para evitar um colapso, o governo local decidiu então desvalorizar a moeda em 50%, o que causou uma crise com reflexos, principalmente, nos países emergentes. Com socorro dos EUA e do FMI, a crise mexicana ficou restrita à América Latina.

Tigres Asiáticos

A experiência da America Latina com a crise mexicana foi sentida anos depois na Ásia. Em 1997, o governo da Tailândia decidiu pela desvalorização de sua moeda e os efeitos negativos da medida se espalharam rapidamente com a globalização financeira, atingindo vários tigres asiáticos.

Com a demora das autoridades, a crise de arrastou por algum tempo, chegando a se especular que Hong Kong também precisaria desvalorizar sua moeda. O cenário derrubou a bolsa local em 30%, levando os mercados de todo o mundo junto. No dia 28 de outubro, foi acionado no Brasil, pela primeira vez, o “circuit breaker”.

Rússia e Brasil

A vítima dos especuladores em 1998 foi a Rússia. Uma onda de ataques especulativos fez com que o governo russo declarasse moratória de sua dívida externa. Com isso, o rublo (moeda local) perdeu até 33%. No dia 21 de agosto, a Bovespa chegou a cair 10%, voltando a acionar o “circuit breaker”. Um dos maiores fundos de investimentos dos Estados Unidos, o Long Term Capital Managenment (LTCM), de alto risco, obrigou o Fed a exigir de bancos privados aporte inédito de US$ 3,5 bilhões para proteger os investidores.

Com o real ainda sobrevalorizado, o Brasil foi bater às portas do FMI e, em janeiro de 1999, era forçado a fazer a desvalorização de sua moeda, após a eleição de Fernando Henrique Cardoso para um segundo mandato.

Bolha do pontocom

Mais uma vez o cenário era de euforia, com a Nasdaq (bolsa americana que reúne empresas do setor de tecnologia) chegou a acumular alta de 105% em 12 meses, com a febre das empresas de internet. No entanto, no primeiro trimestre de 2000, sem a sustentação dos resultados positivos das empresas pontocom, o índice começou a despencar, com quedas recordes. No dia 14 de abril, a Nasdaq caiu 9,67% e o Dow Jones, 5,66%. O movimento atingiu o mundo todo. No Brasil, a Bovespa teve desvalorização de 4,55%.

11/09

O dia 11 de setembro ficará marcado para sempre na história da humanidade, já que além do terror que atingiu Nova York, o impacto no mercado financeiro foi assustou o mundo. A bolsa da cidade é praticamente vizinha ao local dos atentados e ficou sem operar por quatro dia consecutivos.

No Brasil, em 13 de setembro, o Ibovespa chegou a recuar 7,26%. Quando o pregão reabriu nos EUA, as perdas foram de US$ 590 bilhões, com o Dow Jones perdendo 7,13% no pior desempenho em pontos, até então, de sua história. Por todo o mundo, houve uma reação na direção de baixar os juros, a fim de estimular as economias.

Em dezembro do mesmo ano, as bolsas americanas foram atingidas pelo escândalo corporativo da gigante de energia Enron, que fazia fraudes contábeis escondendo prejuízos. Houve uma crise de credibilidade. O caso se repetiria com a WorldCom, do setor de telecomunicações, que pediu concordata depois de maquiar suas contas.

O efeito-tango

Ao longo de 2001 e 2002, a Argentina se tornou o epicentro de uma nova crise dos emergentes. Rumores da desvalorização da moeda (até então atrelada ao dólar), dados econômicos ruins e déficits fiscais elevados assustaram os mercados. Para piorar, havia uma crise política, com uma troca intensa de presidentes em pouco tempo, além disso, surgiram novos pacotes econômicos, a moratória, o confisco bancário (“corralito”) e a desvalorização cambial.

O país que adotara a paridade do peso com o dólar para conter a hiperinflação no começo da década de 90 entrava numa crise social sem precedentes.

Subprime

A atual crise teve início nas operações de crédito imobiliário de alto risco nos EUA. Essas hipotecas, conhecidas como subprime, são empréstimos concedidos a clientes que não têm bom histórico de crédito. Como os juros estavam muito baixos há alguns anos, e a economia crescia com força, os bancos emprestavam a esses clientes em busca de lucros maiores. O castelo de cartas desmoronou quando as prestações começaram a atrasar. Como os papéis desses fundos eram negociados por várias instituições, a crise se alastrou. Na quinta-feira, dia 19 de agosto de 2007, a Bovespa caiu quase 9% ao longo do pregão, no dia mais tenso desde o 11 de setembro. O Dow Jones bateu -2,81%.

O Brasil conseguiu, inicialmente, sair praticamente ileso dessa crise, resultado do alto nível de reservas cambiais do país, além da estabilidade econômica dos últimos anos. A Bovepsa chegou a bater recordes históricos de alta, principalmente após a concessão de “grau de investimento”. No entanto, a situação na Europa e nos EUA não era boa, e em setembro de 2008 a situação piorou, com a falência do Lehman Brothers.

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Conheça as principais crises internacionais desde 1929