O microblog Twitter tem feito tanto sucesso, que a cada semana surge um novo aplicativo para usar com ele. Um dos mais bacanas que pipocaram pela web recentemente leva a assinatura de um brasileiro: o gerente de TI Jonny Ken, de 31 anos.


 


Ken é o criador do Migre.me, um site que poderia ser um mero encurtador de URL, mas que se destaca por ter sido criado especialmente para o Twitter. Em sua home, pode-se saber quais sãos os links, vídeos e fotos mais replicados dentro da “twittosfera“.


 


O Virgula Tech conversou com esse paulista de São Bernardo do Campo, cujo nome parece ter saído do game Mortal Kombat.


 


Primeiro, seu currículo
Sempre desenvolvi sistemas na internet, mas a maioria para redes internas. O primeiro trabalho na internet foi o Infopod. O site fala sobre tecnologia, com textos, áudio e alguns vídeos. Outro trabalho é o Podcast Decodificando, sobre a aplicação de direito sobre as novas tecnologias. Por causa da paixão por podcasts e também pela falta de uma “central de podcasts” no Brasil, resolvi criar o Podpods. Se não me engano, há cerca 400 podcasts inscritos.


 


E como o Migre.me surgiu nessa história?
Eu havia feito uma brincadeira na última Campus Party, o 1º Campeonato de Rick Roll da internet. Como precisava de uma ferramenta para contabilizar os cliques e não encontrei nada que me agradasse, resolvi desenvolver uma ferramenta própria de controle de cliques. O que mais deu trabalho foi encontrar um domínio curto, disponível e que transmitisse essa ideia de redirecionamento. Pensei em várias possibilidades, como va.pa, leve.me… Só numa sexta à noite consegui registrar o dominio migre.me. A programação em si inicialmente foi um CTRL C + CTRL V do campeonato de Rick Roll. Durante os primeiros testes, veio o estalo: “Hummm… Se eu listar os links mais clicados do twitter, talvez consiga fazer um site com links interessantes”. Eu sempre achei que sistemas tipo o Digg não funcionavam no Brasil porque temos muita preguiça de clicar. O Migre.me seria perfeito, porque ninguém precisaria se inscrever no site para fazer o ranking. Bastaria as pessoas fazerem simplesmente o que elas já fazem: linkar o que acham interessante na internet e enviar via Twitter!


 


Foi impressionante a adesão dos twitteiros ao Migre.me, não? Como foi feita a publicidade em torno do serviço?
O que eu achei impressionante não foi nem a aceitação, e sim a quantidade de pessoas que “vestiram a camisa do site”. Pessoas sugerindo para as outras pararem de usar o tinyurl.com ou o is.gd, outras sugerindo alterações, testando, desenvolvendo novas funções com a API do site… Já no primeiro dia o site saiu do ar! Blogs de tecnologia escreveram a respeito dele, e o site não aguentou. Quanto à publicidade, além do boca a boca, teve também a curiosidade do usuário. Ele olhava um tweet com um link com o dominio “http://migre.me” e obviamente testava para ver o que era.



Quais as novas ferramentas que vocês estão trabalhando para a página? Ou que colocaram recentemente?
As últimas foram a integração do Migre.me com o Twitter do Podpods e a listagem separada de vídeos (atalhos para o YouTube, Videolog e Xpock) e de fotos (Flickr e Picasa). Agora estou começando a programar a versão paga do Migre.me. A ideia é fornecer dados mais detalhados sobre os cliques. Nesse caso, não tem muito a ver com o Twitter, mas é uma ferramenta muito pedida pelo pessoal, principalmente por agências de publicidade na internet. Mas também valerá para quem quiser ver detalhadamente como andam os cliques em seus links via Twitter.



Como tornar o Migre.Me algo rentável? O fato de ser em português dificulta um plano de negócios para ele?
Eu estaria mentindo ao falar que não penso em dinheiro (risos). Mas o fato é que, no momento, dinheiro não está na lista de prioridades. Financeiramente, a única despesa que tive até agora foi com o registro do domínio. Minha namorada está traduzindo o site para o inglês em suas horas de folga, mas antes de lançar um site “internacional”, tenho que pensar em outras coisas como hospedagem e publicidade. O Migre.me está dando certo no Brasil, mas nada disso garante seu sucesso no exterior. A internet é uma caixinha de surpresas. Basta ver o sucesso do Orkut no Brasil ou do Digg no exterior. O inverso não deu muito certo.


 


Eu sempre acabo comparando com os blogs. Hoje, a pessoa pensa primeiro em criar uma conta no (Google) adsense para ganhar dinheiro, e somente depois resolve escrever um texto no blog. Está acontecendo algo parecido com os projetos na internet. Muitas ideias legais estão sendo abandonadas pelo simples fato da pessoa pensar “Hummm.. É legal, mas não sei se daria dinheiro”.



 


Já existem propostas para comprá-lo?
Me sinto um jogador de futebol com 16 anos… Vários assédios, mas nada concreto. Também nem quero pensar muito nisso agora. A prioridade, e no momento é terminar as funcionalidades que estão faltando e também documentar a API. Também vamos entrar em contato com os programadores que desenvolvem ferramentas para o Twitter (Tweetdeck, Twitterfox, etc) para inserir o Migre.me como ferramenta de compactação de URLs.


 


Como eu utilizei muitos programas de código fonte aberto, estou tentando fazer o Migre.me de maneira que seja extremamente fácil traduzí-lo. Quem sabe daqui a alguns anos eu lance uma versão do Migre.me em japonês, traduzido pelos meus pais, já que eles amam ficar o dia todo na internet (risos).


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Criador do Migre.me diz que se sente como um jogador de futebol de 16 anos