Ao menos uma coisa George Michael tem em comum com o já saudoso Michael Jackson (além do nome, é claro): nos últimos anos de suas carreiras, ouvia-se falar muito mais sobre suas vidas pessoais do que sobre música. Longe dos palcos havia 17 anos, o artista londrino de família grega iniciou a turnê comemorativa de seus 25 anos de carreira em 2006. E, após ter percorrido 80 cidades de 41 países e ter sido vista por mais de dois milhões de pessoas, a megaprodução poderá ser assistida por aqui com o lançamento do DVD Live in London, que registra show feito há dois anos na Earl’s Court, em sua cidade natal.

No repertório extenso composto por 23 músicas, a quantidade enorme de hits mostra porque artistas como Mika, Scissor Sisters e Robbie Williams ainda precisam comer muito arroz com feijão para superá-lo. Feito para agradar fãs de todos os gostos e faixas etárias, juntam-se consagradas trilhas sonoras de elevador e dentista (Careless Whisper, Father Figure e One More Try) aos sucessos infalíveis para agitar qualquer pista de dança: Fastlove, Too Funky, Faith e o megahit Freedom ‘90, que fecha a apresentação.

Uma surpresa interessante é a versão jazzista para Roxanne, do Police, que foi gravada em seu CD de covers Songs From the Last Century (1999). Outro ponto alto é a clássica Feeling Good, de Anthony Newley e Leslie Bricusse, que já foi regravada por inúmeros artistas – de Nina Simone a Muse – , e que tem seu trecho inicial executado a capella.

Mesmo com esse apuro na escolha das músicas, alguns fãs podem sentir falta dos sucessos da época em que ele fazia parte da dupla Wham!, como Wake Me Up Before You Go Go, e de hits do naipe de Praying For Time e Heal the Pain. O DVD ainda conta com um documentário de 40 minutos – de autoria de David Austin, compositor parceiro do cantor – sobre os bastidores da turnê, além de três músicas extras, entre elas a famosa Jesus to a Child.

Hits à parte, o fim do show dá a impressão de que Live in London é um fim melancólico de uma carreira de sucesso. Mas que venham novas músicas para provar o contrário – e que George Michael não seja visto nos tabloides sensacionalistas, mas nos primeiros lugares das paradas de sucesso, de onde não deveriam sair os grandes artistas pop.


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