Iron Maiden – Flight 666: The Movie

Eu me lembro até hoje da primeira vez que peguei a coletânea The 
Best of the Beast
do Iron Maiden nas mãos. Um CD duplo com um encarte gigante, recheado de imagens e histórias desta banda que eu tinha acabado de descobrir, após ouvir o Killers até furar num minisystem CCE que pulava de faixa sozinho depois de muito tempo ligado.

A sensação de incredulidade de uma pessoinha que não entedia 
absolutamente nada de marketing e a fascinação que todos aqueles 
Eddies diferentes me causaram quando eu tinha 11 anos nunca mais tinham se repetido. Até o dia em que tomei contato com a versão nacional do filme (e do show) Flight 666: The Movie.

O filme é excelente. Chega a ser emocionante conhecer os bastidores da turnê Somewhere Back In Time, com depoimentos dos  integrantes e cenas impagáveis, que dão uma ideia da dimensão do que é uma excursão da banda em seu jumbo Eddie Force One.

Além do filme, o DVD duplo traz uma seleção de diversos trechos dos
maiores shows da turnê, com imagens que incluem duas músicas gravadas
em São Paulo. Nessa seleção, tem gente (muita gente) chorando, as
maiores bandeiras de todos os shows de rock e claro, as performances
incendiárias que elevaram o Maiden ao status de lendas do heavy metal.

Só o trabalho e o brilho que eles deram no encarte, com um diário de bordo escrito pelo capitão Bruce Dickinson e um monte de fotos exclusivas, já vale qualquer que seja o preço da versão nacional do 
DVD duplo. Imperdível pros fãs e altamente indicado para os amantes de documentários musicais. (Luiz Filipe Tavares)

Duran Duran – Live at Hammersmith ’82!

Ah, os anos 80… Tempos em que o keyboard shoulder (aquele teclado tocado em pé, usado por bandas como o Polegar), instrumentos brancos, ombreiras e mullets eram coisas legais. E poucas bandas representam tão bem esse período quanto os ingleses do Duran Duran, como mostra o mais recente DVD deles lançado no Brasil, Live at Hammersmith ’82.

Como o nome já diz, o disquinho traz um show do quinteto em sua terra natal, no ano em que Paolo Rossi acabou com a segunda melhor Seleção Brasileira da história. Nessa época, eles estavam estourando na Europa, graças à popularidade de músicas como Hungry Like The Wolf, Girls on Film e Save a Prayer, hoje indispensáveis em qualquer coletânea decente que se faça sobre os maiores hits do pop-rock dos anos 80.

No show, o Duran Duran mostra toda aquela empolgação característica de um grupo que estava prestes a se grande: dancinhas, caras e bocas para as fãs – afinal, havia pelo menos dois galãs ali: o vocalista Simon Le Bon e o baixista John Taylor – e versões energéticas desses e de outros hits, casos de Rio e Planet Earth.

Como bônus, o DVD traz seis videoclipes (destaque para o ousado The Chauffeur, cujo clipe tinha modelos de topless), mais duas performances no famoso programa britânica Top of the Pops. Live at Hammersmith ’82 ainda inclui um CD, que traz o áudio completo da performance. Mas o legal é mesmo ver o Duran Duran fazendo biquinho, usando roupas fashion para a época e caprichando na pose enquanto toca hits que, ao contrário do visual, sobreviveram ao teste do tempo. (Denis Moreira

Anvil – Anvil! The Story of Anvil! (Documentário)

Nos anos 80, o grupo de heavy metal canadense Anvil era uma das bandas a estourar, junto de Metallica, Slayer, Iron Maiden, Judas Priest, Anthrax. Eles se apresentavam juntos em festivais, dividiam palcos em turnês, a cena metal fervilhava. E todos estouraram. Menos o Anvil. Um corte de 25 anos no tempo e temos Anvil – The Story of Envil, documentário sobre como no fracasso e no sonho duas pessoas se tornam irmãs. Ah, claro, e um pouquinho sobre música e heavy metal.

O gênero é quase dispensável na história de 80 e poucos minutos contada por Sacha Gervasi, que acompanhou a banda na quase glória e enorme decadência. Ele mostra como o vocalista e guitarrista Lips e o baterista Robb Reiner fizeram um pacto de tocarem juntos para sempre aos 14, e como este vem sendo mantido quando ambos entram nos 50.

Lembro do Anvil da época do Metal on Metal, disco clássico de 1982. Possuiam fãs até aqui no Brasil – eu incluído. Mas depois de Forged in Fire, do ano seguinte, as pessoas simplesmente começaram a esquecer da banda, e criou-se a (falsa) impressão de que abandonaram a música.

O doc parte daí. Mostra os nove discos seguintes que gravaram – todos com repercussão próxima de zero. E entra na vida de cada um, mostrando o sonho que os dois ainda mantém de se tornarem “rockstars”, enquanto esposas e filhos os vêem mais ou menos como a dupla Wood & Stock, de Angeli, congelados num tempo em que era possível sonhar.

Os sonhos são permeados pelo “trabalho de merda” (da boca dos dois) que os faz pagar a hipoteca das casas onde moram e manter uma estrutura familiar. Lips organizando marmitas em uma escola primária no Canadá, Rob com algum emprego não explicado com uma britadeira.

Os dois “novos” integrantes da banda, a turnê que a noiva de um arruma pela Europa, o perrengue de tocarem para praticamente ninguém em bares no Leste Europeu, e a batalha para gravarem um disco novo com um produtor bom e as recusas de gravadoras.

No meio, apresentação de Slash (fã da banda), depoimentos de Lars Ulrich, do Metallica, Lemmy, do Motorhead, a festa de 50 anos de Lips, lágrimas de decepção e um final praticamente feliz. Ao menos emocionante. Dá vontade de abraçar um amigo ao final do documentário.

E, claro, você corre para a Internet para a página deles, para saber o que aconteceu, quer comprar o disco pelo qual quase venderam as casas para gravar, e descobre que eles estão abrindo atualmente os shows do AC/DC nos Estados Unidos. E renova a fé no rock. (Luiz Pimentel)


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Crítica - DVDs: Iron Maiden, Duran Duran, Anvil