Neste 15 de outubro, além do Dia dos Professores, comemora-se o Dia da Santa Edwiges, padroeira dos endividados. Não faltam orações dos clubes desesperados com seus caixas e contadores.

Na Europa, os grandes clubes estão de sobreaviso. O francês Michel Platini, presidente da UEFA, já os alertou sobre a condição econômica em que uma agremiação tem que se encontrar para participar da próxima Liga dos Campeões. O caixa tem que estar equilibrado. Se o balanço da temporada for negativo, nada de investimentos altos em contratações. O problema é que vários dos gigantes europeus encontram-se exatamente nesta situação…

A começar pelo Real Madrid. Mesmo antes dos quase 315 milhões de euros investidos nas contratações de Kaká e Cristiano Ronaldo, estimava-se que a dívida da equipe merengue alcançasse a marca dos 327 milhões de euros. Endividado, o presidente Florentino Pérez já pode pedir uma versão espanhola da prece para Santa Edwiges.

Situações parecidas vivem clubes da Inglaterra como Chelsea, Manchester United e Liverpool. No caso do United, os cartolas recentemente renegociaram a dívida do clube com dois bancos internacionais – já eram mais de 400 milhões de euros a serem descontados de seus cofres. Entretanto, pareceram não ter ligado muito para esses valores ao investir quase 20 milhões de euros na contratação do zagueiro Glen Johnson, ex-Portsmouth.

No outrora poderoso Milan, da Itália, o panorama é de desespero. Se Santa Edwiges não interceder, em breve, o presidente do clube e primeiro-ministro Silvio Berlusconi terá de passar seu chapeuzinho pelas arquibancadas do estádio San Siro. Isso porque o Grupo Fininvest, de propriedade do manda-chuva, foi condenado pela Justiça italiana, acumulando uma dívida estratosférica de quase 750 milhões de euros – valor parecido com o que se estima que valha o clube (700 milhões de euros).

Dívida tupiniquim

Se a coisa está apertada para os europeus, imaginem para os brasileiros. Lá, a solução é renegociar as dívidas de empréstimos com os bancos; aqui, um fiscal da Justiça entra em contato com a bilheteria do Maracanã  e pronto: a renda da partida está penhorada. Foi o que aconteceu no último Fla-Flu, disputado na semana passada, em jogo que marcou a quebra de recorde de público de todas as divisões do futebol nacional nesta temporada.

Dos exatos R$ 1.016.016,00 arrecadados, nem meio centavo foi parar na Gávea ou nas Laranjeiras, em virtude das dívidas das ações trabalhistas contra os clubes.

Em São Paulo, o panorama é parecido. Uma parceria mal feita e uma gestão repleta de irregularidades levaram o Corinthians, time com a segunda maior torcida do país, a se afundar em balanços negativos. No final de 2007, ultrapassavam os R$100 milhões. Agora, mesmo após um ano e meio de novo mandato e títulos, com o astro Ronaldo sendo o carro-chefe do marketing do clube, o rombo é tão grande que ainda está muito longe de ser coberto. São Jorge, padroeiro alvinegro, precisa dar um toquezinho em sua companheira Edwiges…

No Brasil, não é só clube que passa aperto. Longe dos milhões que os clubes do exterior pagam, os jogadores sofrem e, sem apelar para a salvadora dos endividados, nem o herói do tetracampeonato mundial da seleção brasileira escapou. Entre pendências milionárias com ex-vizinhos, construtoras, ex-mulheres e com o Imposto de Renda, o baixinho teve que se desdobrar para que sua cobertura, por exemplo, não fosse leiloada. Se ele rezasse para Santa Edwiges dar um real por cada gol feito em sua carreira, ainda sim estaria em maus lençóis.


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Em tempos de crise econômica, o mundo da bola se rende à padroeira dos endividados