O Teatro Amazonas amanheceu diferente hoje. Onze ativistas do Greenpeace estenderam um grande banner em inglês, português e francês com os dizeres “Obama, Lula e Sarkozy: Faça história, salvem o clima” na fachada principal do prédio histórico, construído no fim do século XIX.

O protesto aconteceu no mesmo dia em que líderes da bacia amazônica, além do presidente francês Nicholas Sarkozy, representando a Guiana Francesa, se reuniram para discutir uma proposta conjunta para a Conferência do Clima da ONU que acontece no início de dezembro em Copenhague.

“Não é hora de os líderes mundiais se esconderem atrás de declarações meramente políticas. Para fazer história, eles devem construir uma posição ambiciosa para Copenhague. Alguns países em desenvolvimento estão dispostos a negociar um acordo legalmente vinculante, justo e efetivo no controle do aquecimento global, mas falta liderança dos países industrializados como EUA e UE ”, diz Paulo Adario, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace.

Há duas semanas, o presidente Lula apresentou um conjunto de ações nacionais para reduzir as emissões brasileiras até 2020. Apesar de ficar aquém do que o Brasil poderia fazer, é um passo inicial para avançar nas negociações em Copenhague e um desafio aos países desenvolvidos.

Para que o aumento da temperatura do planeta fique bem abaixo dos 2ºC, limite máximo recomendado pela ciência, os países industrializados devem se comprometer com uma redução mínima de 40% das emissões de gases estufa até 2020, com base nos níveis de 1990, e destinar ao menos US$ 140 bilhões por ano para adaptação, mitigação e proteção das florestas nos países em desenvolvimento.

A proposta da UE é reduzir entre 20 e 30% suas emissões e destinar de U$ 22 a 55 bilhões anuais. Para se tornar um verdadeiro líder global, o Presidente Sarkozy deve pressionar o bloco para que as metas sejam elevadas para os níveis apontados pela ciência.

A meta dos americanos, que tramita atualmente no Senado, prevê uma redução de 17% em relação aos níveis de 2005. Se comparada aos níveis de 1990, esse número significa uma redução de 3 a 4%, muito aquém dos 40% necessários. Os americanos travam a discussão internacional alegando que só poderão se comprometer com metas após a aprovação dessa lei.

“Os Estados Unidos são o maior emissor histórico de gases do efeito estufa e até hoje se recusam a assinar qualquer tratado internacional de clima”, afirma Adario. “O mundo não pode ficar refém da política interna americana. O presidente Obama deve assumir uma posição de liderança e dar uma resposta rápida ao maior problema da história da humanidade.”

Na reunião de hoje, os líderes dos países da bacia Amazônica precisam concordar em reduzir drasticamente as emissões de gases estufa. Zerar o desmatamento nas florestas tropicais é uma das maneiras mais eficientes e baratas para combater o aquecimento global. Um mecanismo de redução das emissões pelo desmatamento e degradação (REDD) que valorize a sobrevivência da floresta, priorizando áreas ricas em biodiversidade e os direitos dos povos indígenas e das comunidades locais, deve ser um dos pilares do acordo de Copenhague.

O desmatamento das florestas tropicais contribui com 20% das emissões globais de gases do efeito estufa. Apesar de ter caído em anos recentes, a destruição da Amazônia responde por 52% das emissões nacionais, colocando a Brasil na posição de 4º maior emissor de gases estufa – o que aumenta a responsabilidade do país para com o futuro do planeta. Além disso, cientistas prevêem que o aquecimento global pode transformar até 40% da Amazônia em savana e colocar em risco seu papel como importante regulador climático e a existência de milhões de espécies.


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Greenpeace protesta em Manaus para pedir ações pelo clima

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