O Irã revelou em uma carta enviada à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a existência de uma segunda usina de enriquecimento de urânio, confirmou na quinta (24) em Viena a agência nuclear da ONU.

“Posso confirmar que em 21 de setembro o Irã informou à AIEA que uma nova usina piloto de enriquecimento (de urânio) está em construção no país”, assegurou o porta-voz da AIEA, Marc Vidricaire.

No documento dirigido ao diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, o regime do Teerã afirmou “que dará outras informações complementares no devido tempo e de forma apropriada”, detalhou o porta-voz.

Sem oferecer detalhes sobre o conteúdo da carta, “o organismo acredita ainda nenhum material nuclear tenha sido introduzido na instalação do Irã”, disse Vidricaire.

Momentos antes, fontes diplomáticas a partir de Viena haviam informado a existência de uma planta desconhecida experimental que ainda não teria entrado em funcionamento no Irã.

A informação coincide com a recebida pela AIEA.

“Em resposta ao episódio, a AIEA solicitou ao Irã que forneça o mais breve possível informação específica sobre a unidade, isto permitirá ao organismo avaliar os requisitos dos controles de verificação da instalação”, disse o porta-voz.

O único dado técnico que Vidricaire adiantou é que o nível de enriquecimento de urânio seria de até 5%, condição que daria origem a um combustível pouco purificado, suficiente apenas para alimentar reatores nucleares de geração de eletricidade.

Em sua edição eletrônica, o jornal americano The New York Times antecipou que os presidentes dos EUA, França e o Reino Unido, acusarão hoje ao Irã, na cúpula do Grupo dos Vinte (G20, os países mais ricos e as principais nações emergentes), em Pittsburgh (EUA), de construir uma instalação secreta não declarada aos inspetores da AIEA.

A descoberta ocorre às vésperas da reunião em Genebra do Grupo do 5+1 (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia, China e Alemanha), os membros permanentes do Conselho de Segurança e Alemanha, justamente para tratar sobre o endurecimento das sanções ao Irã sobre seu polêmico programa nuclear.

Em outras oportunidades, o regime dos Aiatolás já declarou que produz urânio para fins pacíficos, para geração de energia elétrica, mas se recusou a interromper o programa de enriquecimento de urânio, apesar dos pedidos da AIEA e do Conselho de Segurança.

O Conselho de Segurança adotou três resoluções com sanções diplomáticas e comerciais contra o Irã. No entanto, a nação iraniana ignorou a todas.


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Irã admite ter segunda usina de enriquecimento de urânio