Os restaurantes e os cafés de Bagdá começam a recuperar sua antiga vida, apesar da violência, dos postos de controle policiais e dos muros de concreto que separam os bairros da cidade, onde as atividades continuam.

Em uma volta pelas ruas principais da capital é possível constatar que os locais de lazer estão cada vez mais cheios.

“Muitas famílias saem de suas casas para comer em um restaurante ou conversar em um café, e por isso trabalhamos para organizar o trânsito e facilitar a vida delas”, disse à Agência Efe o agente de tráfego Mahdi Ismail, no centro de Bagdá.

Os postos de controle, que podem ser encontrados em vários bairros da capital, causam engarrafamentos durante várias horas do dia, sobretudo, nas entradas e saídas das ruas e das áreas mais movimentadas.

No entanto, “o trânsito não impede que os cidadãos saiam de seus lares para respirar o ar e levar as crianças aos parques”, completou Ismail.

A violência também não impediu aos habitantes de Bagdá, descrita no passado como a cidade que nunca dorme, recuperarem os velhos tempos de atividade e diversão.

Segundo os últimos números do Ministério do Interior iraquiano, Bagdá e a província de Diyala, ao nordeste da capital, foram testemunhas no mês passado de um grande aumento da violência, que custou a vida de 680 pessoas.

Os atentados mostram que a segurança ainda é frágil e que o Iraque, apesar dos passos dados pelo Governo no caminho da reconciliação nacional, “vai muito lento para a abertura democrática, política e econômica”, assinala à Efe o escritor e analista político iraquiano Hassan Abdullah.

“Se vê a luz no final do túnel, porque os iraquianos começaram a recuperar a unidade social depois da violência sectária que semeou a divisão entre eles”, completou Abdullah.

Uma amostra da melhora das relações sociais é que a atividade voltou aos locais de lazer, para onde vão famílias e grupos de amigos.

Shihab Selim, dono de um restaurante prestigiado na rua 14 no oeste de Bagdá, assegura que não para de receber clientes.

“As famílias vêm frequentemente o jardim do restaurante, e por isso vou ampliar o local e passar a abri-lo até muito tarde”, contou à Efe.

Segundo Selim, os iraquianos “têm muita vontade de sair de suas casas, onde ficaram fechados durante anos pelos ataques”.

Agora as ruas de Bagdá parecem mais bonitas com seus restaurantes cheios e cafés movimentados, completa Selim.

Fora isso, alguns investidores começaram a construir novos locais de lazer ou restaurar antigos, destruídos por ataques terroristas, em iniciativas que permitirão impulsionar o setor turístico.

Um deles é Shamsi al-Rubei, que disse que, após passar quatro anos no exterior, retornou a Bagdá e agora vai “construir um restaurante e um parque anexo para as famílias”.

Para o investidor, que prevê uma recuperação do turismo em breve, após cada onda de atentados “Bagdá se veste com um traje novo como para dizer que nunca se entregará à violência”.

No café Zahawi, na rua Rachid, considerado o mais antigo de Bagdá, jovens e adultos se reúnem para fumar perto do famoso mercado de livros Mutanabi.

A vizinha rua Mutanabi, cenário de vários ataques no ano passado, foi restaurada recentemente e os cafés da região, como o Zahawi, voltaram a ficar cheios de intelectuais e escritores.

“Os assassinos e os delinquentes queriam nos privar desse ambiente, mas recuperamos nossa liberdade”, destacou o morador Yalil Shamsi, enquanto levava a família a um restaurante.

Shamsi se queixa que os postos de controle, as patrulhas da Polícia e as barreiras de concreto dificultam muito o movimento das pessoas.

E, por isso, disse esperar que “tirem já” esses obstáculos para que se possa aproveitar mais a vida.

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Mesmo com violência, Bagdá começa a retomar antiga vida social

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