Eles residem sob o sol de Tampa, na costa oeste do estado da Flórida, nos Estados Unidos, dividindo espaço com o parque de diversões Busch Gardens, a brisa que vem do Golfo do México e boates acostumadas a bombar ritmos latinos vários.

Após 25 anos fazendo escola numa vertente das mais brutais do heavy metal – o death metal – a banda Morbid Angel, hoje um trio formado por David Vincent, Trey Azagthoth e Pete Sandoval, continua guerreando em favor dos fãs de vocais guturais – aqueles tão graves que parecem arranhar as profundezas do inferno – acompanhados de baterias e baixos velozes, guitarras distorcidas e letras que discutem de embates épicos à experiência da morte, do terror e da violência.

Encantado com este universo, o vocalista e a baixista da banda, David, membro da Igreja de Sat㠖 organização que defende o anticristianismo – e fã do Brasil, país onde o death metal é bem representado por bandas como Krisiun, falou ao Virgula na ocasião de sua atual turnê latino-americana, que passa por Recife e São Paulo no próximo fim de semana. Recomendado para estômagos resistentes.

O som do Krisiun tem muito a ver com o do Morbid Angel e há quem diga que eles são quase que uma versão brasileira de vocês. Será?
O Krisiun é uma banda excelente e fico lisonjeado por ouvir que o som deles lembra o nosso. Mas eu nunca ouvi nada sobre eles serem uma versão brasileira da gente. Claro que eles têm estilo e método próprios e uma maneira particular de fazer as coisas, o que provavelmente os torna diferentes da gente.

Já que vocês meio que criaram o death metal, você poderia trocar em miúdos o significado do gênero para quem ainda é zerado no assunto?
Death metal é… Death metal. Assim como outros gêneros musicais, é simplesmente o que é. Não é um estilo de vida ou algo do tipo. É talvez uma música mais forte, impactante e profunda. Incompreendida por alguns, mas é o tipo de música que amamos tocar. Claro é que importante ouvir todos os tipos diferentes de música, mas também apreciamos outras bandas, como Slayer. Acho que um fator que diferenciou o Morbid Angel de outras bandas foi que nos concentramos de verdade no que estávamos fazendo, de acordo com o que nos agradava.

Ser uma banda de heavy metal que vive na Flórida, conhecida por suas praias e temperaturas quentes, é inusitado?
Essa é uma pergunta interessante e engraçada. Assim como no Brasil, há outras bandas de death metal na Flórida. Não acho que isso seja incomum. Há ótimas bandas de rock em cidades que têm outros estilos musicais rolando. É algo que depende das pessoas, não de questões geográficas.

O Brasil entra no rol dos países associados a sol e calor que têm uma grande base de seguidores de metal. O histórico de amizade entre o Morbid Angel e fãs do nosso país ajudou isso a acontecer. Como tem sido essa passagem por aqui?
Tem sido uma ótima turnê. A resposta dos fãs foi impressionante e – o mais importante – a banda se saiu muito bem. Pareceu que vir para cá era a coisa a certa, então nem tivemos dúvidas. O público latino-americano nos recebeu muito bem, como sempre. Um dos melhores momentos foi abrir para o Iron Maiden no México, então foi muito bacana e o público estava incrível. Quanto ao Brasil, é um país enorme e bem legal, que abrange muitas culturas e lugares diferentes. Acho que é por isso que o heavy metal é tão forte aqui quanto outros estilos musicais.

MORBID ANGEL EM RECIFE
Quando: 7 de abril
Onde: Clube Português – Av. Rosa e Silva, 172 – Graças

MORBID ANGEL EM SÃO PAULO
Quando: 8 de março
Onde: Santana Hall – A. Cruzeiro do Sul, 2737- Santana – São Paulo-SP
Quanto: de R$ 120 a R$ 150


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Metal do Morbid Angel resiste há 25 anos sob sóis da Flórida e do Brasil