A crise na indústria fonográfica vem sendo intensificada a cada dia, graças especialmente ao pouco interesse das pessoas em pagar para consumir música. Esse fenômeno atinge a todos os nichos de gravadoras, mas não é segredo para ninguém que esses efeitos são variados para cada sub-mercado da música.

As gravadoras de heavy metal são um bom exemplo de como a independência dos grandes meios e da cultura da coleção podem tornar esses efeitos da crise muito mais amenos e solucionáveis.

Por exemplo, a preferência pelo item colecionável, uma edição especial em disco, versões importadas e relançamentos torna o mercado do metal um dos meios mais competitivos e perenes da indústria, já que gozam de um público realmente fiel, que tem interesse em artistas e gêneros bastante específicos.

“Parece incrível, mas hoje em dia as pequenas gravadoras estão conseguindo se manter melhor do que as grandes majors. É o velho ditado: Quanto maior a árvore, maior o tombo”, afirma o produtor e radialista Vitão Bonesso, diretor-geral da única rádio virtual brasileira que toca heavy metal 24 horas por dia, a Rádio Backstage.

“Posso dizer que no primeiro ano senti uma certa apatia por parte do publico em aceitar essa nova mídia. Porém, eu contei com a péssima qualidade das rádios que se dizem rock, e isso de certa forma fez a rádio Backstage crescer bastante”, relata Vitão, como é conhecido há muitos anos. “Colocar uma rádio na web é relativamente fácil, o que vem depois é que é bem complicado.”

“Eu acho que o envolvimento aumentou. Não só por parte dos fãs, mas de profissionais que e dedicam a esse estilo, sejam eles promotores de shows, jornalistas e gravadoras”, contrapôs o radialista ao fato de que, mesmo com os tempos difíceis para todos os investidores do meio artístico, as pessoas ligadas ao estilo tendem a se manter no meio.
 
Ainda há espaço para as bolachinhas

As vendas de CDs caíram vertiginosamente para todas as gravadoras, mas Vitão vê no mercado do metal uma diferença básica para os gêneros mais populares. Na opinião dele, o público headbanger tem mais “fidelidade” ao formato disco do que outros fãs de música.

“O publico de heavy metal ainda consome bem o produto. É claro que houve uma diminuição nas vendas e que hoje, a venda de CD não representa muita coisa nas finanças de uma banda. Mas ainda se consome mais metal em produtos originais do que em coisas mais populares, às quais a pirataria simplesmente fulminou”, declarou.

“O rádio continua soberano. É uma mídia muito tradicional e que ainda tem ótimos resultados frente ao público em geral”, continua Bonesso. “Se você quiser aparecer, ou você é médio ou é grande. Fazer parte do movimento underground é estar fora da mídia. Mas aqui sempre existirá espaço para novos talentos que tragam em seus trabalhos algo original.”

Mesmo com mais oportunidades para bandas nacionais é possível ver que os artistas brasileiros tem muita dificuldade para chegarem próximos das grandes bandas internacionais, melhorar sua técnica e ter a chance de trabalhar com profissionais cada vez mais capacitados.

“Para as bandas, é difícil comparar às de fora. Aqui ainda é difícil se manter somente de música, ainda mais se tratando de metal, por isso o comprometimento fica complicado. Se dedicar dessa forma acaba sendo meio que impossível e para você chegar a um nível como as demais bandas, de médio e grande porte, só tendo um comprometimento 100%”, explica Vitão Bonesso. “Agora, não podemos deixar de reverenciar o talento de nossas bandas, que não devem nada para as banda de heavy metal gringas.”


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O mercado do heavy metal e o drible na crise da indústria fonográfica

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