Direção: Ethan Coen e Joel Coen
Elenco: Michael Stuhlbarg, Richard Kind, Sari Wagner Lennick

Por mais que a linguagem e as técnicas cinematográficas evoluam ao longo das décadas, um filme bom – ou, ao menos, divertido, na medida em que pretende atingir o grande público – precisa ter alguns elementos básicos. Um deles é, certamente, que a história tenha começo, meio e fim. Mas não é esse o caso de Um Homem Sério, filme mais recente dos irmãos Joel e Ethan Coen, que tenta oscilar entre o cômico e o irônico, mas se afunda em um poço de pretensão e piadas direcionadas a poucos.

De família judaica, os dois premiados cineastas foram fundo em suas origens para retratar a história do professor de Física Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg), que sofre revezes da vida: a esposa Judith (Sari Lennick) se apaixona por seu amigo Sy Ableman (Fred Melamed) e pede o divórcio, ele é ameaçado por um estudante chinês e tem sua reputação no emprego questionada por um carta anônima. Com filhos desajustados – Danny (Aaron Wolf) troca os estudos pela maconha, enquanto Sarah (Jessica McManus) é fútil – ele procura rabinos para pedir orientação.

No começo do filme, após um bizarro prólogo (afinal, aquilo tem relação com o tema?) passado em uma vila judaica, o espectador vê a trajetória desastrada de Gopnik com simpatia, esperando que dali saia o início de um enredo interessante, de preferência acompanhado risadas. Só que nada acontece: em meio a pouquíssimas cenas que fazem o público cair na gargalhada – quase todas, as encrencas em que Danny se mete por ser adepto da marijuana –  a história não deslancha e acaba levando ao tédio.

Certamente há um público que curtiu muito Um Homem Sério: os vários judeus, de quipá e tudo, presentes à sessão de cinema assistida pelo Virgula. Por entenderem as referências e piadas internas colocadas na trama, eles saíram mais satisfeitos que o resto da plateia, que ficou em grande parte do tempo com cara de paisagem. E o incômodo só aumentou após a cena final, que… ahn, não dá para ser spoiler.

No fim, é válido fazer um filme direcionado a um público específico, mas se você não conhecer a fundo a cultura hebraica (ou não for do tipo cinéfilo que acha demais um espirro dado por algum diretor conceituado), o longa-metragem não tem nem 10% da graça de outros trabalhos dos irmãos Coen, como Queime Depois de Ler e O Grande Lebowksi.

Veja abaixo o trailer de Um Homem Sério:

                       


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Oscar 2010: Cheio de piadas internas, "Um Homem Sério" é bola fora dos irmãos Coen