Apesar dos constantes sinais de que a economia mostra que está em recuperação, os consumidores ainda adotam cautela em seus gastos. É o que comprova uma pesquisa mundial coordenada pela rede Worldwide Independent Network of Market Research (Win), realizada no Brasil pelo Ibope Inteligência.

Chamado de Barômetro Mundial sobre a Crise Financeira, o estudo foi realizado em dezembro do ano passado, em março passado e também em julho. Foram ouvidos 21.088 consumidores em 22 países, sendo 2.002 somente no Brasil.

O principal objetivo do levantamento era saber como os entrevistados se comportam no que diz respeito aos hábitos de consumo durante a crise. No Brasil, os consumidores se mostraram mais sensíveis aos problemas econômicos, mas ainda são mais otimistas que os americanos e argentinos. No entanto, os brasileiros ficaram abaixo da média dos países que fazem parte do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).

Entre os entrevistados no país, subiu de 31% para 40% o total dos que revelaram que cortaram despesas com mantimentos para casa. Para itens como vestuário, a redução aumentou de 45% para 54% da população. O corte mais sensível foi com as despesas com móveis e eletrodomésticos.

A diretora de Atendimento e Planejamento do Ibope Inteligência, Laure Castelnau, explicou que o brasileiro tem cortado as despesas maiores com produtos para casa. No caso de mantimentos, é possível que tenha havido uma migração para marcas mais econômicas, embalagens menores ou simplesmente eliminado itens da lista de supermercado.

“O brasileiro se alinhou agora aos tempos de crise. Seu otimismo durou mais tempo. O resultado demonstra que ele decidiu começar a rever alguns planos de consumo”, disse a executiva em reportagem publicada na edição desta terça-feira (8) do jornal O Estado de S. Paulo.

Apesar da mudança de comportamento, Laure não vê os dados com preocupação, já que as quedas de consumo não foram tão expressivas. Agora, ela espera que as notícias positivas no noticiário ajudem na retomada dos hábitos de compra.

Os resultados apresentados pela pesquisa não são sentidos no Grupo Pão de Açúcar. O vice-presidente Comercial e de Operações da rede, José Roberto Tambasco, argumenta que as vendas nas lojas do grupo estão com alta acima da inflação. A única diferença, segundo ele. É que os consumidores estão mais cuidadosos e evitando endividamento.

Os números da pesquisa também não batem com outros levantamentos realizados recentemente no país. Algumas pesquisas apontam até mesmo para um crescimento acentuado no consumo de alimentos.


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Pesquisa diz que brasileiro está gastando menos com alimentação