Representantes de diversos sindicatos e movimentos sociais, além de estudantes e parlamentares de oposição, participaram nesta quarta-feira (09), Dia Internacional de Combate à Corrupção, de um ato público em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal, pelo afastamento do governador José Roberto Arruda do cargo.

O protesto reuniu cerca de 1.500 pessoas. Houve confronto e os policiais chegaram a atirar bombas de efeito moral e balas de borracha nos manifestantes, que haviam bloqueado as pistas do Eixo Monumental, uma das principais vias da capital. Os policiais expulsaram os manifestantes da via pública, que foi, então, bloqueada por eles.

O radialista João Batista Filho estava no local a trabalho e afirma que as agressões partiram da Polícia Militar. Segundo Batista, os policiais atiraram spray de pimenta na tentativa de conter os manifestantes. “Não aconteceu só comigo, a polícia começou a atacar com gás de pimenta. Fui atingido diretamente no rosto, fiquei cego por alguns minutos”, descreveu. Ele conta ainda que levou pancadas de cassetete e foi pisoteado pela cavalaria da PM na tentativa de alertar os estudantes que protestavam sentados na pista.

Segundo o Movimento contra a Corrupção, que participou do protesto, o objetivo é mobilizar a população do Distrito Federal e exigir a cassação do governador José Roberto Arruda, acusado de participar de um esquema de pagamento de propina e desvio de verbas públicas desvendado pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal.

Durante a manifestação, o movimento também colheu assinaturas para encaminhar pedidos de impeachment do governador e do vice-governador Paulo Octávio e pedir punição para todos os parlamentares e colaboradores acusados de envolvimento no esquema.

“Só conseguiremos tirar o governo local se houver mobilização popular. É preciso conscientização para mudar todo esse esquema sujo”, afirmou a presidente da Central Única dos Trabalhadores no Distrito Federal (CUT-DF), Rejane Pitanga. Segundo ela, o movimento continuará com sua missão de convocar a população para exigir “o desmanche” do esquema de corrupção do governador e demais envolvidos.

O presidente em exercício da Câmara Legislativa do DF, Cabo Patrício (PT), disse que a pressão pelo afastamento dos envolvidos vai continuar, apesar de o bloco aliado ao governo estar se movimentando para evitar esse desfecho.

“Nos próximos dias, ainda veremos muitas articulações”, afirmou o deputado. De acordo com ele, muitos parlamentares que sustentavam a defesa do governo estão deixando essa posição. “O importante é que no final seja votado o pedido de impeachment do governador Arruda”.

Os estudantes, que ocuparam durante seis dias o plenário da Câmara Legislativa, reafirmaram o compromisso de continuar nas ruas protestando contra o atual cenário político no Distrito Federal. “Percebemos que é preciso sair de um ambiente fechado [Câmara Legislativa] e mostrar nossa força enquanto movimento. Tivemos uma vitória dentro de uma guerra”, disse Gabriel Santos, estudante de ciência política da Universidade de Brasília (UnB).

Para sábado (12), está prevista uma carreata, que partirá às 9h, do Estádio Mané Garrincha, com destino à residência oficial do governador, em Águas Claras.


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Policiais e manifestantes entram em confronto durante protesto pela saída de Arruda