Desde quando apareceram os reality shows, experimenta-se tudo quanto é fórmula para alavancar audiência. Por exemplo os shows de calouros que prometem carreira na música. Ligadas na repercussão que esses concursos alcançam, marcas investem cada vez mais em eventos com formato parecido. Nesse sentido vieram o Gas Sound, o Pepsi Musica e o Nokia Xpress, que premiam bandas jovens e conseguem grande cobertura da mídia na internet.

Por outro lado, saem beneficiados os vencedores desses concursos. Bandas como Papai Elefante, Vivendo do Ócio, R.Sigma e Dr.Robert, que contaram para essa reportagem o que tiraram de positivo dessas experiências.

“Pulamos etapas”, explica Jajá Cardoso, 22 anos, voz e guitarra da banda baiana Vivendo do Ócio. Ele foi vencedor entre 2 mil grupos inscritos no Gas Sound de 2008, bancado pelo guaraná Antarctica. “A banda é de 2006, tínhamos dez músicas e mais quatro demos, mas com o concurso nos convidaram para shows maiores, como na Concha Acústica”, diz sobre o palco no importante Teatro Castro Alves, em Salvador. Como prêmio, o Vivendo do Ócio gravou o CD Nem Sempre Tão Normal com o selo Deckdisc, que já renovou contrato para mais dois álbuns. Desse primeiro CD cuidou Rafael Ramos, o mesmo produtor da Pitty. “Ele é um cara espetacular, a gravação foi uma escola, aprendemos mais de percepção musical”, pondera Jajá.

No sul do Brasil, o concurso Pepsi Musica, que junta 1,5 milhão de votos na internet durante a competição, premiou o Dr. Robert no ano passado. O baterista Nando Martins, 16 anos, tirou proveito da experiência pela segunda vez. É que em 2007 ele também ganhou a disputa, mas na banda Mr.Marx: “A banda desmanchou e ficamos meu irmão e eu até montarmos a Dr.Robert… Quem ganhar neste ano vai se dá melhor ainda, o concurso foi melhorando”, recomenda. A banda aumentou de um para cinco shows por mês com o falatório do concurso e arrematou 500 cópias de um CD pago pela Pepsi.

DEPOIS DA VITÓRIA

Nas disputas, quem não fica em primeiro também pode ter vantagem. O Papai Elefante ficou entre os cinco finalistas do Nokia Xpress ultrapassando 2 mil bandas inscritas, mesmo número do Gas Sound. Não ganhou, mas se tornou conhecido nacionalmente e gravou faixa no estúdio de Rick Bonadio, atual mentor dos Titãs. O vocalista Beto Garcia, 26 anos, conta que entrou na disputa desacreditado: “Voto popular era um critério e outras bandas já estavam muito à frente, não dava tempo de recrutar uma galera para votar, mas me ligaram dizendo que estava escolhido, entramos pelo júri oficial”. Segundo ele, ajudou o Papai Elefante a participação no Multishow e os contatos fora de Bauru, onde o grupo se formou: “Nossa assessora de imprensa é de São Paulo, trabalhar assim é o meio mais legal de conseguir exposição. Enviar um CD para uma redação é diferente de alguém que sabe qual é o nome do jornalista apropriado”.

Na competição Nokia Xpress da qual Papai Elefante fez parte, levaram o prêmio principal os cariocas da banda R.Sigma. O guitarrista Diogo Strausz, 19 anos, diz que o projeto ganha credibilidade: “É diferente se apresentar dizendo que ganhou o concurso”. A banda teve um clipe gravado, que foi custeado pela Nokia e sua carreira continua avançando. Durante julho, os integrantes aproveitaram o cachê duma apresentação no Festival SESI e hospedaram-se em São Paulo para subir a dez palcos paulistas. Atitude que Diogo sintetiza numa frase para que bandas como a dele tenham sucesso no “pós-vitória”: “É preciso aproveitar oportunidades e sacar que o movimento deve ser de fora para dentro”.


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Quanto vale vencer concursos de banda? Participantes contam o que aproveitaram