Seres deformados, almas atormentadas, dor e medo: esses são os seres que estão na exposição que o roqueiro e pintor Marilyn Manson inaugura hoje em Viena, na primeira apresentação de seu trabalho de artes plásticas em um museu.

Com o tão original título Genealogias da Dor, o músico de Ohio apresenta na capital austríaca uma seleção de 21 quadros com seus temas frequentes: o horror, o sofrimento, o medo e a deformidade.

Em entrevista à emissora pública austríaca ORF, Manson assegurou que é “um presente” poder inaugurar sua primeira mostra em um museu em Viena, berço artístico de Egon Schiele, um dos pintores nos quais o músico afirma se inspirar.

“Como ele pintava as mulheres em posturas sexuais, a forma dos corpos mostra a mistura que fazia entre a beleza e o grotesco. Desde o início, pensei que é alguém com quem eu podia me identificar”, disse sobre o pintor austríaco.

“Hoje é um dia muito especial para mim como artista, pois posso apresentar minhas obras em Viena”, disse Manson na apresentação da exposição.

Criador de músicas como Antichrist Superstar, Manson há tempo encontrou na pintura uma nova manifestação criativa por meio da qual expressa sua particular visão do mundo.

“A pintura se transformou para mim em uma expressão artística tão importante como a música”, afirmou durante sua visita a Viena.

A exposição, que estará aberta ao público até 25 de julho, é uma mostra das imagens grotescas tão frequentes em sua música.

Através de traços finos e cores fortes, Manson cria personagens que, apesar da aparência grotesca, se apresentam desnudos e desemparados perante o observador.

Os ferimentos, principalmente em regiões sensíveis do corpo, são frequentes nas criaturas e é mostrada uma manifestação do medo que o ser humano tem de sentir dor.

Em sua entrevista, Manson reivindicou a dimensão provocadora da arte. “A arte que não causa mal-estar e reflexão não é arte. O artista que não se identifica com sua arte não é um artista”, afirmou.

Em declarações à ORF, o diretor do museu austríaco onde está a exposição de Manson, Gerald Matt, definiu o trabalho pictórico do artista como “uma incerteza existencial entre beleza e destruição, entre crime e moral, justiça e loucura”.

A mostra tem também como convidado especial o cineasta David Lynch, autor do prólogo da biografia de Manson.

Quatro curtas-metragens do diretor americano servem para contextualizar a estética de Manson e criar um ambiente mais inquietante em torno da mostra.


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Marilyn Manson transfere seres grotescos de sua música à pintura