A história da música é farta de cantores, músicos, produtores e empresários gays. Apesar disso, raras foram as ocasiões em que seu estilo de vida se viu retratado abertamente numa canção. Quando entrava em pauta, acabava camuflado por metáforas e frases de duplo sentido.

Mesmo assim, graças à coragem de alguns artistas e gravadoras, o pop conseguiu juntar um bom repertório de músicas “assumidas”.

Algumas são bem diretas, batendo no peito o orgulho da condição homossexual; outras tem caráter de denúncia; outras ainda são confissões; e outras falam de problemas que não são enfrentados apenas por gays, mas por qualquer pessoa que leva uma vida aprisionada.

O Virgula selecionou dez importantes momentos de música orgulhosamente fora do armário.

Carl Bean – I Was Born This Way (1977)

Apesar da disco ser um gênero totalmente enraizado na comunidade gay de Nova York, tem poucas músicas com letras “assumidas”. Lançado pela Motown, a faixa de Carl Bean é uma das exceções: “sou gay… nasci dese jeito”. Bean, que, segundo ele, “nunca esteve dentro do armário”, seguiu carreira religiosa. Hoje é arcebispo. E continua totalmente fora do armário.

Tom Robinson Band- Glad To Be Gay (1978)

Essa banda inglesa compôs o primeiro hino gay da era punk. A letra militante, que critica em especial as atitudes preconceituosas da polícia britânica, é um manifesto gay com orgulho.

Diana Ross – I’m Coming Out (1980)

Como homenagem a seu imenso público gay, Diana Ross gravou esse clássico disco-funk com produção do Chic. O título, em inglês, “estou saindo”, se refere ao ato de deixar o armário para trás e se assumir para o mundo.

Queen – I Want To Break Free (1984)

Freddie Mercury, um dos gays mais famosos da história do rock, canta apaixonadamente sobre a necessidade de se libertar e se apaixonar “de verdade”. Parece até que ele tentou disfarçar colocando no clipe uma dona de casa como o personagem “preso”. Mas como é ele mesmo que faz o papel da dona de casa, não disfarçou muita coisa né?

Bronski Beat – Smalltown Boy (1984)

Impulsionado pela voz privilegiada de Jimmy Sommerville e um batidão irresistível, esse hit de meados dos anos 80 falava dos contratempos enfrentados por um garoto gay numa cidade do interior.

Legião Urbana – Meninos e Meninas (1989)

Nos três primeiros álbuns da Legião, Renato Russo fez algumas poucas e veladas referências à sua homossexualidade. Em Quatro Estações, a porta do armário se abriu sem hesitação com a letra que inclui a frase “Gosto de meninos e meninas”.

Cassia Eller – Rubens (1990)

“Ae Rubens, não dá, a gente é homem… o povo vai estranhar”, canta Cassia com sua voz blueseira e especialmente engrossada para vestir o personagem que a música pede. A composição de Mario Manga (do Premeditando o Breque) é uma das muitas músicas cantadas por Cassia, lésbica assumida, a celebrar o homossexualismo.

Pet Shop Boys – Go West (1993)

Cover de uma música do Village People (o grupo mais gay da história, que aliás não teve nenhum vídeo incluído aqui porque a gravadora não deixa!), a letra fala de seguir para o oeste, uma espécie de “terra prometida” de beleza e liberdade. Mais especificamente, para San Francisco, a capital gay dos Estados Unidos.

Ben Harper – Mama’s Got a Girlfriend Now (1994)

Harper escolheu fazer um country, um gênero com histórico razoável de homofobia, para contar a história de uma mulher que se livra do marido casca-grossa para ficar com um “tipo especial” de amiga.

Katy Perry – I Kissed a Girl (2008)

Um dos maiores hits pop dos últimos anos é sobre uma moça hetero que experimenta uma boca do mesmo sexo… e gosta! “Pele macia, lábios vermelhos, tão beijáveis, difíceis de resistir, tão tocáveis” No final do clipe, ela “acorda” do sonho proibido. Seu namorado dorme profundamente ao lado.


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