Lisa Cruz, de 35 anos, odiava seu corpo quando era adolescente. De tão magra que era, usava roupas infantis e tinha uma dieta de 500 calorias por dia. Com quase 1,70m, a inglesa que chegou a pesar cerca de 42kg com uma diéta de frutas e água e diz ter sido salva da anorexia pelo fisiculturismo. 

“Eu comia algumas frutas de manhã e, depois, tomava só água durante o dia inteiro. Eu me recusava a comer na frente das pessoas e sempre procurava desculpas para sumir nos horários de refeição”, disse ao “Dailymail”.

Seus problemas alimentares pioraram no período dos testes do CGSE, uma prova de avaliação acadêmica do sistema secundário de ensino inglês, geralmente prestada por estudantes de 14 a 16 anos . A situação de pressão gerada pela cobrança de ir bem nas avaliações agravou seu distúrbio alimentar. “Eu nunca fui muito bem na escola, nunca tive facilidade, como tinham as outras meninas, e acho que por isso eu senti muito a pressão. Eu sempre tive hábitos alimentares estranhos, mas por volta dos 15 eu deixei de comer completamente”, explicou.

“Toda a minha personalidade mudou nesta época. Eu me tornei completamente introvertida, com medo de falar com as pessoas e a conversa descambar para alimentos. Se alguém tentasse me fazer comer, eu ficava agressiva – eu briguei muitas vezes com minha família por conta disso. Eu estava tão magra que comprava minhas roupas em lojas de criança, e sentia uma espécie de orgulho por isso”, relatou.

Em uma férias em família, seu pai tirou uma foto sua de biquíni, na esperança que a imagem a chocasse e a fizesse mudar seus hábitos alimentares. A foto surtiu pouco efeito. O que realmente a chocou foi quando, alguns meses depois, seus cabelos começaram a cair. “Como todas as meninas, eu gostava muito do meu cabelo e um dia, enquanto eu tomava banho, ele começou a cair em chumaços, muitos chumaços.  Foi isso que me acordou. Me fez ver que eu constantemente sentia dores no peito e sempre estava com as mãos frias. Minhas juntas doíam e eu nunca tinha energia pra nada. Percebi, então, que eu só tinha duas escolhas: melhorar ou definhar gradativamente”.

Assim que os resultados do exame CGSE saíram, todos satisfatórios o bastante para lhe permitir estudar Russo e Política na Universidade de Birmingham, na Inglaterra, a jovem mudou seus hábitos alimentares –  ela com seus quase 1,70m pesava cerca de 70kg. “Eu realmente estava tentando ficar melhor, mas depois de passar tanto tempo com medo de comida, eu não sabia o que comer. Eu desejava doces, muitos bolos e biscoitos. Eu vivia de bebidas energéticas e refrigerantes e continuava não comendo na frente de ninguém”, explicou.

Seus hábitos alimentares só passaram a ser saudáveis quando, depois de terminar a licenciatura, ela se mudou para o Japão para dar aula de inglês. Foi quando arrumou um namorado fisiculturista japonês que sua visão sobre os alimentos mudou completamente. “No Japão, eles têm uma atitude totalmente com os alimentos. Comer é uma atividade comum e por conta disso não teria como eu continuar com meus hábitos esquisitos. Lá, eles estudam Economia Doméstica na escola até os 18 anos. Todos sabem cozinhar e fazer refeições saudáveis em casa”, disse.

“Eu comecei a me interessar em levantar pesos, na época, e meu namorado me incentivou muito a pesquisar sobre o assunto – comprei diversos livros na internet”, explicou. Quando Lisa voltou do Japão, após 4 anos, ela travou contato com os fisiculturistas de sua região e, em 2007, juntou-se a eles numa viagem para Las Vegas (EUA) para ver o concurso de Miss Olympia – uma competição internacional de fisiculturismo feminino. “Foi a primeira vez que vi fisiculturistas femininas. Na fotos elas pareciam inalcançáveis, mas ali, pessoalmente, percebi que eu não estava muito longe de ser como elas”. 

Em 2009, seus amigos sugeriram que ela começasse a competir. Foi aí que ela começou a realizar as dietas específicas, ingerindo cerca de 2.500 calorias por dia, com aveias, arroz, shakes de proteína, peru, bife e brócolis. E já em sua primeira competição, ficou em segundo lugar já. E no ano seguinte, foi campeã britânica. Este ano ela espera se qualificar para o seu objetivo final, o Miss Olympia. Para isso, ela faz uma dieta de 5.000 calorias por dia, distribuída em dez refeições por dia. “Este é o meu sonho e eu tenho dedicado minha vida para isso. Para ser Miss Olympia, é preciso ser a melhor fisiculturista do mundo – é o auge do fisiculturismo”, finalizou.


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Campeã Britânica diz que fisiculturismo a salvou da anorexia

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