José Padilha

Quem?!?! Diretor de cinema

TROPA DE ELITE 2
Emílio: Como vocês fizeram essa produção tão bacana? Você achou melhor o dois?
José: O público é que vai decidir. Eu gosto muito do 2, ele é um complemento pro um, termina a história do Nascimento, e o 2 tem um viés atual, porque o inimigo do 2 são os políticos, não é só a polícia. Então a gente vai mexer num vesperinho ai.
Emílio: Esse novo chama “O inimigo é outro”, então o Nascimento ta mais velho e começa a descobrir onde é que ta o negócio.
José: Ele começa a crescer na carreira dele, e vai do Bope pra secretaria de segurança, e lá ele começa a entrar em contato com o governador, secretário e tudo mais e ele começa a ver como a banda toca de verdade.

DISCUSSÃO
Emílio: Mas me fala uma coisa, o filme 1 teve uma discussão, você lembra? Que falavam se a polícia era assim, se era um bom exemplo …
José: É, a polícia é um pouco pior do que aquilo ali, não é isso?
Emílio: É, mas onde a polícia ta e com o aparelhamento dela, tem também os seus problemas, né? José: Então, o policial de uma certa maneira é uma vítima dos políticos, que fazem uma polícia mal remunerada, mal treinada, mal selecionada, numa organização corrompida, e a gente pede pros caras “Olha, é o seguinte, você vai ganhar 500 pratas por mês e agora vai lá pegar aquele traficante de fuzil.”
Bola: Com uma 22 na cintura!
José: Isso é um dos eixos de discussão do filme, o Nascimento entra em contato com os caras que fazem a política de segurança, e o filme se passa durante uma eleição. E o Nascimento começa a ficar meio puto.

PIRATARIA
Amanda: Você não acha que esse negócio de vazar o filme não foi uma coisa boa? Por que eu conheço um monte de gente que nunca iria no cinema, e só foi porque é um tema que eles se identificam.
José: Popularizou, né. A gente contratou o IBOPE pra fazer uma pesquisa e mediu que o público do cinema seria 6 milhões e 600 mil. E a gente perdeu 2/3 desse público. E não é só quem é da periferia que vê pirataria não, tem muita gente que baixa na internet, que tem dinheiro pra ir ao cinema, e pirateia assim mesmo, e que se ferre. Então, perdemos sim, mas popularizou o filme.
Pior: Mas você ficou orgulhoso, tipo “O meu filme foi o mais pirateado da história”?
José: Dá um orgulho ao contrário, é uma coisa dúbia, porque um filme sem nenhum marketing, num CD pirata, virar uma febre, isso é bom, o filme comunicou, é uma coisa bacana, mas é ruim porque perde dinheiro.


int(1)

José Padilha