Está circulando desde quarta-feira (12) no Facebook o testemunho de um rapaz chamado André Montilha, que afirma ter sido vítima da ação truculenta da PM durante a manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, na terça-feira (11). Detalhe, o jovem não estava participando do protesto! Já tem quase seis mil compartilhamentos.

Veja depoimento:

“Ontem (11) eu fui uma vitima da ação truculenta da PM em reação aos protestos do movimento passe livre.

Antes de dar inicio ao meu relato, quero deixar claro que não sou integrante ou simpatizante do movimento. Sou ciclista, tenho carro próprio, e meu dia a dia nao foi afetado pelo aumento das tarifas de maneira alguma, assim como tambem não teria sido afetado nessa terça-feira pelos manifestantes pacificos que cruzei na Avenida Paulista.

Por volta das 21:00, cheguei desavisado na faculdade Casper Libero acompanhado de um amigo meu, aluno da faculdade que tinha uma apresentação agendada e me pediu para esperar com a bicicleta na escadaria do prédio da Gazeta para sairmos depois da aula.

Foi nesse momento, que a passeata cruzou o meu caminho e me chamou a atenção pelo seu tamanho e pela vivacidade dos manifestantes que cantavam, e tocavam tambores em um clima feliz, alguns dançando com faixas bem humoradas, alguns acompanhados da familia (vi crianças junto com parte dos integrantes), mas nenhum, ate então, cometendo qualquer tipo de ato condenável que justificasse o chamado da tropa de choque. Fiquei curioso, dei algumas pedaladas e logo estava no Trianon onde fui advertido por um integrante do movimento de que o choque já estaria chegando para acuá-los no vão do MASP 

Subi na bicicleta e fugi do foco da passeata sem notar que estava, na verdade indo de encontro com soldados da Rocan, que se preparavam para partir (pelas costas) para cima da multidão.

O primeiro impulso que tive foi o de registrar em câmera aquela situação que já estava começando a ficar tensa. Comecei a filmar com o celular, sozinho, longe de qualquer manifestante, os policiais que estavam com suas granadas de efeito moral empunhadas. Foi aí que a coisa ficou feia.

Tentei guardar o celular, mas não deu tempo, pois quando vi eu já estava no chão. Havia levado uma porrada no braço, e me desequilibrei da bicicleta. Já no chão, fui violentamente agredido por três policiais, levei diversos golpes de cacetete na cabeça, nas costas (estava deitado, rendido no chão, por isso não há nenhum machucado na parte da frente do meu corpo) e nas mãos. Atordoado, tentei pedir ajuda, mas fui recebido com uma bomba de gás lacrimogêneo que estourou no meu colo. 

Arrastei a bicicleta para longe da manifestação e cheguei ainda tonto e cambaleante ao hospital Oswaldo Cruz, onde ainda estou internado aguardando a cirurgia, com diagnóstico de politraumatismos, com o tendão do polegar direito destruído pelo golpe do PM, e diversas escoriações pelo corpo (nas costas. De novo, estava completamente rendido com a barriga no chão sem que os golpes parassem em nenhum momento). E não surpreendentemente, sem a minha câmera que foi tomada pelos Rocans não identificados (sem identificação de patente ou nome na lapela), com capacetes e armados com cacetetes e outras armas “não letais”.

Enfim, estou providenciando o Boletim de Ocorrência, e o exame de corpo de delito, mas queria deixar registrado o que aconteceu. E grifar novamente que esse tipo de ação da Policia Militar NÃO SE LIMITA AOS MANIFESTANTES! EU NÃO SOU DEFENSOR DO MOVIMENTO PASSE LIVRE.

Por isso peço que compartilhem a minha história, para que nenhum outro paulistano, honesto, pagador de impostos e cidadão comum, esteja na hora errada e no lugar errado que nem eu, pois a Polícia Militar do Estado de São Paulo não faz distinção na hora de descer o sarrafo.”


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Rapaz apanha da PM mas não tinha nada a ver com protesto