Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, se inspiraram nos cupins para desenhar “robôs construtores” capazes de criar estruturas complexas sem planos, explicaram nesta sexta-feira (14) os cientistas responsáveis pelo projeto.

“Os cupins nos inspiraram em toda esta área de pesquisa”, afirmou o cientista Justin Werfel em comunicado divulgado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), que realiza a reunião anual em Chicago e onde lançaram os “robôs construtores” nesta sexta-feira.

“Aprendemos as coisas incríveis que estes insetos minúsculos podem construir e falamos: ‘Fantástico, agora como criamos e programamos robôs para trabalhar de maneira similar, mas construindo o que os humanos querem? ‘”, lembrou Werfel.

Ao contrário dos humanos, que precisam de planos para construir algo complicado, os cupins podem construir complexos morrinhos centenas de vezes maiores que eles sem um projeto detalhado.

Os insetos pegam pistas simples uns com os outros, assim como do meio ambiente para saber onde colocar o seguinte monte de terra e averiguar como construir uma estrutura que se adapte ao entorno.

Esse sistema é conhecido como ‘estigmergia’, e foi o usado por Justin Werfel e sua equipe para desenhar algoritmos que refletem o comportamento dos cupins e com os quais programaram os robôs.

Os robôs só precisam perceber um tijolo de espuma e outro robô próximo para dar o passo seguinte. Se for notado um tijolo no caminho, o transportam até o próximo espaço aberto. As máquinas operam seguindo regras simples.

“Há dois tipos de regras: as que são as mesmas para qualquer estrutura, e as ‘leis de trânsito’ que correspondem à estrutura específica”, explicou Werfel.

Embora cada robô só conheça regras simples – como quando depositar um tijolo, fazer a volta, ou subir um degrau – juntos, exibem um comportamento inteligente, completando estruturas definidas pelos usuários.

Werfel destacou como positivo que não há “qualquer elemento crítico que bote tudo abaixo se um deles falha”.

“Nossa visão em longo prazo para equipes de robôs como este é construir estruturas completas que possam ser utilizadas pelos humanos, algo que poderia ter especial utilidade em lugares perigosos ou difíceis para os humanos”, explicou Werfel.

Em curto prazo, segundo o cientista, os robôs poderiam ser usados para construir diques com sacos de areia que sirvam como proteção contra inundações.

Os novos robôs, cujo projeto durou quatro anos, são a última inovação no que os cientistas e os pesquisadores em robótica chamam de ‘enxame de inteligência’, que persegue a colaboração de equipes de robôs.

Essas máquinas podem construir torres, castelos e pirâmides de tijolos de espuma. Podem, até mesmo, construir escadas para chegar aos níveis mais altos das estruturas, segundo os pesquisadores, que também publicaram hoje os detalhes do projeto na revista “Science”.


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"Robôs construtores" projetados em Harvard se inspiram nos cupins