A corrida é feita na parte mais funda da piscina, para trabalhar o corpo todo

Gabriel Quintão A corrida é feita na parte mais funda da piscina com um cinto flutuador amarrado à borda

“Já vi gente que desmaiou, teve uma menina que vomitou, mas dá resultado”. Era essa ideia que eu tinha sobre o Crossfit, baseada em comentários intrigantes de algumas amigas adeptas ao esporte. A atividade virou moda há alguns anos depois que invadiu o mundo das famosas – a Giovanna Antonelli não faz mágica para manter aquele corpão – mas ainda é cercada por mitos que causam curiosidade e receio. Outros esportes de alta queima de caloria que estão crescendo desde 2014 são o Aquacross e o Acqua Training, treino na piscina focado, assim como o Crossfit, em condicionamento físico e força. O verão está aí, né? Então, resolvemos testar essas promessas de “projeto verão” dentro e fora da água.

Sobrevivi, sem desmaiar ou passar mal, tanto ao Crossfit como ao Acqua Training. As duas atividades envolvem exercícios aeróbicos, fortalecimento muscular e alongamento, mas são diferentes em como “colocar isso em prática”. É o que explicou a professora de educação física e membro da Aquatic Exercise Association, Maria Cristina Darahem: “similaridade seria o tipo de treino, que é funcional, mas as diferenças são inúmeras já que na água temos as leis físicas e o frescor”. Eu, que sempre achei aulas de ginástica na água muito “fracas”, fui surpreendida pela série que o professor de Acqua Training Fábio Cezar, da Bodytech, me apresentou.

O movimento trabalha membros inferiores, braços e abdômen

Gabriel Quintão Exercício de nível avançado na bicicleta ergométrica

A primeira etapa foi uma corrida com um flutuador amarrado à cintura na parte mais funda da piscina, onde não dá para encostar os pés no chão. O exercício é feito de uma borda a outra e depois com o cinto amarrado a um gancho na parede, para dar mais intensidade. A segunda tarefa foi na esteira mecânica: correr na água tem menos impacto, como Fábio explicou, no entanto é mais difícil manter o ritmo – e até parar em pé – por conta da resistência da água. O mesmo vale para a bicicleta ergométrica, que pode ser feita em diferentes posições, entre elas, a mais avançada em que a pessoa fica atrás do banco e mantém o equilíbrio dando braçadas, enquanto pedala, é claro. Parece fácil, mas não é!

Ainda como parte do Acqua Training, fizemos saltos no trampolim e movimentos com os braços usando um espaguete. “Cada aula tem algo diferente, inserimos mais ou menos peso, e repetições mais ou menos rápidas para controlar a intensidade dos movimentos. Temos também o modelo de circuito, em que os alunos circulam pelos aparelhos fazendo pequenos intervalos”, explicou o professor. Pude sentir os resultados, aquela dorzinha pós-exercícios e cansaço, assim que saí da piscina. Porém, as 400 calorias – média que uma aula ajuda a queimar – em 45 minutos fez valer à pena. O número varia de acordo com o condicionamento físico de cada aluno.

Fiz abdominais no aquecimento e na etapa final que combinou uma série de exercícios sem parar por cinco minutos

Fiz abdominais no aquecimento e na etapa final que combinou uma série de exercícios repetidas por cinco minutos

Apesar de prometer resultados rápidos, quando comparado a outras atividades como musculação, por exemplo, o Acqua Training ainda está atrás do Crossfit no quesito queima de calorias. A modalidade inspirada em treinos do exército norte-americano pode mandar embora até 1 mil calorias. Já marcou a primeira aula? Fique avisado, porém, que é preciso (muito) suor e esforço físico. O objetivo da atividade está ligado ao condicionamento cardiovascular e saúde, conforme explicou o treinador Andre Turatti, da academia Cia Athletica. “O foco principal é desenvolver dez capacidades do ser humano: agilidade, potência, coordenação, equilíbrio, resistência muscular, flexibilidade, precisão, velocidade, força e resistência”, enumerou.

A trocada de perna fez parte do "aquecimento": já vale como uma aula

Gabriel Quintão A trocada de perna como “aquecimento”

As aulas são divididas em etapas e a intenção é fazer os alunos melhorarem o desempenho a cada dia, seguindo treinos criados por atletas nos Estados Unidos. Nada de ficar olhando medidas no espelho ou perder tempo com conversa mole, a aula é rígida e exige disciplina. “Tem gente que termina a primeira fase e pergunta ‘isso foi só o aquecimento?’”, disse André. Sim, eu também questionei, mas só em pensamento. No Crossfit, segundo ele, é muito importante aquecer o corpo para evitar qualquer lesão, por isso, o treino já começa intenso. Fiz abdominais, trocada de pés e polichinelos, sem parar.

Para fechar com chave de ouro: série de 10 abdominais, 10 agachamentos e 10 polichinelos sem parar por cinco minutos

Gabriel Quintão Para fechar com chave de ouro: o número máximo de séries em 5 minutos

A segunda parte, focada na técnica dos movimentos, foi composta por agachamentos variados: com os braços à frente do corpo e segurando uma barra em diferentes posições. Por último, a parte mais intensa da aula: o máximo de repetições da série 10 abdominais, 10 agachamentos e 10 polichinelos em cinco minutos. “A intenção é chegar à capacidade máxima do aluno”, segundo André. O tempo é curto, no entanto a frequência cardíaca sobe bastante por conta da intensidade e mesmo depois de finalizar as séries a pessoa continua a queimar calorias, pois o metabolismo demora a desacelerar, explicou o professor. O Crossfit é um treino intenso, me fez lembrar de cada agachamento no dia seguinte, mas é um esporte para todas as idades e condicionamentos físicos, garantiu André.TABELA_CROSSFITEACQUA


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Crossfit Vs. Acqua Training: modalidades que prometem ‘secar’ dentro e fora da água