Salma Jô em foto de Rodrigo Gianesi

Eles são umas das maiores apostas do ano entre as bandas que surgiram no underground e estão perto de chegar ao mainstream.

O impulso que faltava era Tônus, a Carne Doce, terceiro álbum de estúdio que saiu na terça (17) e já se credenciou entre os melhores de 2018.

A banda goiana é formada pelo furacão Salma Jô (voz), seu parceiro do crime Macloys Aquino (guitarras) e ainda pelos intrépidos João Victor Santana (guitarras e sintetizadores), Ricardo Machado (bateria) e Anderson Maia (baixo).

O novo trabalho do grupo sucede a Princesa,  2016. Tônus foi produzido pelo guitarrista João Victor Santana e conta com a colaboração do músico Fernando Almeida Filho (Boogarins) em duas composições.

O registro das dez faixas mostra a busca do quinteto pela produção de um material essencialmente intimista, com um cuidado que se reflete na composição dos arranjos e versos.

O projeto foi selecionado pelo Natura Musical por meio do edital 2017 com o apoio da Lei Rouanet.

Para comemorar o lançamento do novo álbum, a banda desembarca em São Paulo e faz uma apresentação gratuita neste sábado (21), às 19h, no Centro Cultural São Paulo. Leia entrevista com Salma Jo em que ela fala de música, tendências, machismo e outros assuntos.

Como apareceu o conceito do disco novo e o que estavam buscando?
Salma Jo – Apareceu da necessidade em ter um novo produto mesmo. No final do ano passado sentimos que ‘Princesa’, o disco anterior, de 2016, apesar de ainda conquistar, já não era uma novidade. Foi quando fomos contemplados no edital da Natura, e foi quando começamos a compor ‘Tônus’. Digo com tudo isso que, embora tenha unidade, não foi um disco planejado esteticamente.

Poucas mulheres são produtoras musicais e compositoras, isso é reflexo do machismo?
Salma – Bem, em parte, provavelmente. Existem também outros recortes e preconceitos. Com certeza é mais complicado para as mulheres vencerem nas posições de técnicas e engenheiras de som do que como compositoras e musicistas também.

O que está rolando de mais interessante na música hoje, na sua opinião?
Salma – De mais interessante? Não sei, isso soa a vanguarda, não sei quem são os vanguardistas. Eu gosto dos últimos trabalhos de vários artistas, Luiza Lian, Boogarins, Letrux, Baco Exu do Blues…

O que te leva a fazer uma música nova?
Salma –  A função (risos). A inspiração vem de um sentimento guardado, de alguma dor conhecida, ou às vezes de uma ideia divertida, uma frase boa.

Que característica crê que seja a mais marcante da sua geração?
Salma – Fiquei em dúvida sobre qual geração, de músicos, de gente da minha idade? Eu sou uma geração mais velha que a dos nossos fãs. A caraterística deste tempo agora é ansiedade paralisante, talvez. E a caraterística da música indie atual é talvez uma certa melancolia que finge rir.

Existe algum aspecto no som de vocês que indique a origem goiana da banda?
Salma – Não sei, também me pergunto isso, acho que sim, mas não sei apontar o que é. Algo na levada, no ritmo, nas melodias do canto, mas não sei o que é. Penso nisso quando às vezes estamos numa cidade com uma forte herança cultural, e rola uma comunicação mais estranha entre o nosso som e o público, penso aí que talvez foi justo esse elemento goiano que não bateu tão bem com o elemento da cidade.

Quais são seus valores essenciais?
Salma – Vai soar bem conservador, mas enfim: trabalhar, respeitar a minha mãe, comer e dormir bem. (risos)

SERVIÇO

Carne Doce apresenta Tônus no Centro Cultural São Paulo

Abertura: Bruna Mendez
Quando: 21 de julho, 19h
Onde: Centro Cultural São Paulo – Rua Vergueiro, 1.000, Liberdade – São Paulo – SP
Quanto: Gratuito – A retirada de ingressos (máximo de um par por pessoa) ocorre na bilheteria do CCSP, a partir das 17h.

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Créditos: Caroline Lima

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'Ansiedade paralisante é caraterística deste tempo', diz Carne Doce