Em um Theatro Municipal lotado, a cerimônia do 24º Prêmio da Música Brasileira premiou ontem, quarta-feira, 35 artistas, com destaque para Cauby Peixoto, aplaudido de pé por seus dois prêmios, entre homenagens a Tom Jobim.

Aberta às 21h30, com a fala do idealizador do prêmio, José Maurício Machline, a cerimônia começou com uma emocionante execução de um arranjo inédito de Wagner Tiso para Eu sei que vou te amar, escrito para seis pianistas: Tiso, Gilson Peranzzetta, Cristóvão Bastos, João Carlos Coutinho, Leandro Braga e João Carlos Martins, que solou após o prelúdio.

A apresentação marcou o emocionante retorno do maestro Martins, afastado há 11 anos do palco como pianista, e que pôde voltar a tocar depois de passar por 19 cirurgias e uma rotina diária de horas de fisioterapia para corrigir graves problemas nas mãos.

Regendo orquestras há seis anos, Martins contou à Agência Efe que, após recuperar o movimento da mão esquerda, pretende lutar para voltar a tocar normalmente: “A carreira de regente vai fantasticamente bem, mas para que abandonar o sonho?. Se você me perguntar se ainda vou tentar tocar com as duas mãos, digo: por que não? Quem sabe aos 74 volto a ser o menino de 10 anos?”

Tom Jobim, que há 50 anos lançava seu primeiro disco de estúdio, The Composer of Desafinado: Plays, foi lembrado com um vídeo inédito de Vik Muniz no qual a imagem do artista foi recriada com flores e folhas, enquanto se ouvia um texto de Francisco Bosco na voz de Caetano Veloso sobre o poeta.

Ao longo da noite, cantores como Nana Caymmi, Leny Andrade e Ney Matogrosso entoaram clássicos de Tom. Algumas atuações mais frias, como a de Céu em Insensatez e a de Maria Gadú em Chega de Saudade, não chegaram a ofuscar interpretações arrebatadoras, como a da veterana Rosa Passos (Inútil Paisagem) e a de Mônica Salmaso em Derradeira primavera.

Mas foram os portugueses Carminho e António Zambujo que fizeram o teatro aplaudir por mais tempo, apresentando Sabiá como um fado moderno.

Entre os fãs declarados dos europeus estava o ator Sérgio Mamberti, um dos primeiros a se levantar para aplaudi-los.

À Agência Efe, o ator contou já ter ido a shows “do Zambujo, que é muito especial, e tenho CD’s da Carminho. É uma oportunidade rara em que estamos comungando, as pessoas estão muito emocionadas”. Na saída do teatro, Alceu Valença também mencionou “os portugueses” como um dos pontos altos da noite.

Entre os brasileiros, um dos prêmios mais comemorados foi a dobradinha de Cauby Peixoto, que venceu como melhor cantor e melhor álbum (Minha serenata) na categoria canção popular. Aos 82 anos, o eterno intérprete de Conceição e Bastidores, vestido de branco e prata, foi aclamado de pé por todo o teatro.

Outro momento emocionante apresentado por Adriana Calcanhotto e Zélia Duncan foi a premiação da categoria samba, em que subiram ao palco lendas vivas do estilo como Nelson Sargento (melhor álbum), Monarco (melhor cantor) e Alcione (melhor cantora).

Nas principais categorias, Caetano Veloso e Zélia Duncan venceram como melhores cantores na categoria Pop/rock/reggae/hiphop/funk; Maria Bethânia e João Bosco receberam o mesmo título na categoria MPB; Ivete Sangalo levou o prêmio de melhor cantora na categoria canção popular e Moraes Moreira e Elba Ramalho foram melhores cantores na regional.

O artista revelação da cerimônia, que durou duas horas e terminou com a apresentação de Ney Matogrosso, foi o cantor e compositor paulistano Rodrigo Campos


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Cauby Peixoto e portugueses brilham no 24º Prêmio da Música Brasileira

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