De Raul Seixas a Camisa de Vênus e Pitty, a Bahia já deu “régua e compasso”, como já cantou Gilberto Gil, para muita gente boa mostrar que a terra do samba também é terra do rock. Aposta, Murilo Sá chega para se juntar à turma.

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“Acho que sempre houve uma coisa forte do rock na Bahia sim, desde os primórdios dos anos 60, quando em Salvador existia aquela rivalidade clássica entre as turmas da bossa nova e do rock. O rock na Bahia existe e resiste”, afirma o cantor e compositor soteropolitano. 

 Ouça Murilo Sá & Grande Elenco

Em Sentido Centro (180 Selo Fonográfico), seu álbum de estreia, Murilo contou com participações do guitarrista Gabriel Guedes (Pata de Elefante/Júpiter Maçã), o baixista Felipe Faraco (Jair Naves/Siba/Júpiter Maçã), o baterista Pedro Falcão (Lulina), o sitarista Rodrigo Bourganos (Bombay Groovy) e também Pedro Pastoriz e Tomas Oliveira (Mustache e os Apaches).

No dia 8/11 rola um pré-lançamento do disco, no Sarajevo Club, em São Paulo, com abertura de Mustache e os Apaches, participação de Marcelo Gross, do Cachorro Grande e discotecagem de Tatá Aeroplano e Mariô Onofre. O Virgula Música trocou uma ideia com o cara.

Quem são seus heróis musicais?

São muitos. De primeira assim, me vem na cabeça John Lennon, no Brasil, Raul Seixas. Artistas que cresci ouvindo. Ambos mortos né? (Risos). Bom, tem David Bowie que tá bem vivo, Brian Wilson e o Arnaldo Baptista, enfim, tantos outros, entre vivos e mortos.

Que outros nomes do rock nacional gosta e indica. Vê pontos de contato entre o seu trabalho e dessa galera, sente-se parte de uma cena?

Vou citar bandas de amigos que tenho ouvido ultimamente, e acompanhando shows também: Mustache e os Apaches, Bombay Groovy, Vaudeville, Tatá Aeroplano, Jupiter Apple, Vitreaux, Primos Distantes, O Terno, Cachorro Grande, Baby Lixo, Teclaspretas, Picanha de Chernobill, entre muitas outras. Na verdade tento ouvir tudo que posso, do que é feito hoje.

Quanto a essa coisa de cena, acho que São Paulo é uma cidade que tem espaço pra várias “cenas” acontecerem simultaneamente, e o mais interessante é que todas elas vão se cruzando ao longo do tempo. Boa parte dos meus amigos estão envolvidos num processo de revitalização do centro da cidade, que está acontecendo aos poucos, com músicos/bandas e também com galerias de arte migrando para o centro, como a Choque Cultural e o Estúdio Lâmina. O título do meu disco, Sentido Centro, em parte, remete a isso tudo também.

Há tempos que não vimos uma renovação no cenário, com propostas criativas que saiam do retrô, das referências de Beatles, Stones, Dylan, The Who… A que você atribuiu a crise do rock nacional?

Na verdade eu não vejo uma crise, eu vejo um momento interessante. Acho que a cultura pop, a música pop, o rock, sempre se alimentou de tantas referências, é meio natural. Tem muitas bandas legais criando e lançando coisas, e elas bebem nas fontes mais diversas, e muitas têm uma assinatura bem própria.

Acho que esse talvez seja o segredo. Talvez você processar suas referências de um jeito que é só seu, na hora de criar. Tentar criar música que independente das referências, ao passar pelo seu filtro pode ser bem atual, e não soar datado.

O que significa ser rock and roll nos dias de hoje para você?

Difícil responder. Mas acho que não é nada muito diferente do que significava nos anos 50. Uma coisa de comportamento e atitude, basicamente.

Primeiro foi Raul, depois veio o Camisa, Dois Sapos e Meio, Pitty. Há uma tradição de rock baiano. Dendê combina com guitarra?

Com certeza! Temos inclusive a guitarra baiana (risos). Achei legal você citar Dois Sapos e Meio, uma banda legal que muita gente não conheceu. Acho que sempre houve uma coisa forte do rock na Bahia sim, desde os primórdios dos anos 60, quando em Salvador existia aquela rivalidade clássica entre as turmas da bossa nova e do rock. O rock na Bahia existe e resiste. Outras bandas importantes merecem ser citadas como a extinta Dead Billies e o Cascadura que segue na ativa.

SERVIÇO

Festa de lançamento – Sentido Centro – Murilo Sá & Grande Elenco
Abertura Mustache e os Apaches
Show de Murilo Sá & Grande Elenco & convidados
Participação de Marcelo Gross (Cachorro Grande)
Discotecagem de Tatá Aeroplano e Mariô Onofre
Onde: Sarajevo Club (Rua Bela Cintra, 483)
Quando: 8/11 (Sábado)
Horário: Das 22h às 05h
Quanto: R$ 10 – Entrada (Até 1h, depois R$ 15); R$ 20 – entrada + CD “Sentido Centro” (Até 1h. Depois R$ 25)
Em dezembro, Murilo leva o show para o Sul do país 
11/12 Porto Alegre
12/12 Passo Fundo
19/12 Gravataí
20/12 Curitiba
Para baixar o disco e outras informações, no site de Murilo, aqui.


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