The Weeknd

CamilaCara-MRossi The Weeknd

Nem sempre um festival tem o timing e a sorte de escalar um artista que fará história naquele palco, eternizando aquele momento tanto para os fãs quanto para o próprio músico. Existem casos em que nomes em ascensão atravessam um rito de passagem, saem maiores que entraram, em outros, caso do The Weeknd neste domingo (26) no Lollapalooza, eles são absolutamente coroados, como ocorreu na estreia do canadense no Brasil.

Dono da melhor voz, do melhor estilo, do melhor cabelo e dos melhores timbres do festival, esperava-se que ele também se consagrasse como dono dos melhores fãs. E foi o que aconteceu. Eles causaram lotação máxima no palco Onix apenas como Calvin Harris havia feito, há dois anos. Mas como a massa reagiria ao R&B sexy, sombrio, futurista e por vezes arrastado.

Público no show do The Weeknd

Gabriel Quintão Público no show do The Weeknd

Os fãs, no entanto, não precisaram se esforçar nem um pouco para gostar do show e para reforçar seus vínculos com o mozão. Acompanhado por três músicos, guitarrista, baterista e baixista/tecladista, o canadense chegou com o som calibrado, de modo que os graves do hip hop e as distorções do rock serviam de cama para The Weeknd despejar o canto agudo, suas high notes características.

O uso de bases pré-gravadas, inclusive de vocais, era evidente. Mas isso não ofuscava o brilho do fenômeno, que parecia surpreso também com o tamanho do público e a euforia com que foi recebido.

Um flash no telão da namorada Selena Gomez, que o acompanhou no Brasil, causou gritaria entre os fãs. E este cartaz resumiu bem o que muitos de nós estamos sentindo.

Público do The Weeknd

CamilaCara-MRossi Público do The Weeknd

Já os Strokes, que fizeram o show em uma penumbra, comandaram uma espécie de micareta indie. Os fãs não ligaram para a voz gasta de Julian Casablancas e a presença de palco vacilante, nem os desencontros das clássicas guitarras cruzadas. Para quem tem seus trinta e poucos anos, talvez um pouco mais, assisti-los tem uma carga de baile da saudade.

Com poder de fazer dançar, mas sem um leque muito vasto de opções, pareciam estar tocando a mesma música o tempo todo, o mesmo sentimento foi causado pelo Two Door Cinema Club. Quem se jogou, porém, não reclamou.

Two Door Cinema Club

CamilaCara-MRossi Two Door Cinema Club

E como prova de que a idade e a experiência não querem dizer nada, você pode ser apenas um jovem pretensioso querendo julgar os mais velhos como obsoletos, o Duran Duran também despejou alguns dos melhores timbres deste Lolla. Chamar a Céu ao palco só reforçou como eles estão antenados.

Outro show competente do domingo foi de MØ. Até a colega Tove Lo foi dar uma espiada. Afinada, carismática e com bom gosto, a dinamarquesa mostrou que é bem mais que a voz de Lean On, seu maior cartão de visitas e que usou para encerrar o show.

Público da MØ

MilaMaluhy-MRossi Público da MØ

Ela não é uma aposta do pop sem motivo. MØ tem tudo para se tornar uma artista gigante em pouco tempo, assim como Céu e Tove Lo. Para elas, que fazem música popular sem cair na vala da indigência, ter o The Weeknd vivendo seu dia de Freddie Mercury bem na nossa fuça, há motivo de esperança para que se detecte vida inteligente no maistream. Dizem que existe. É como diz o ditado espanhol: “Eu não acredito nas bruxas, mas existir, elas existem”.


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Consagração de The Weeknd e micareta indie marcam domingo