Pitaias em foto de Julia Dolce

Formada por mulheres, a banda Pitaias lança seu EP homônimo de estreia nesta quinta (29) no Mundo Pensante, em São Paulo.

O som traz referências de percussão africana e do pop, uma música de toada leve e dançante, com letras engajadas sobre emancipação feminina e liberdade.

Leia nossa conversa com Norma Odara, que forma a banda com Luri Mantoani, Mag Magrela, Priscila Norat, Beatriz Mantoani e Natália Ferlin. Ela fala sobre machismo na música, processos de composição, influências e outros assuntos:

Em que aspectos consideram o machismo na música mais visível?
Odara – O machismo está presente desde o momento que ficam surpresos ao escutarem nosso som, por ser uma banda “só” de mulheres. Também pelo fato das outras bandas, majoritariamente formada por homens não terem o mesmo tratamento, são apenas uma banda fazendo som e é essa mesma igualdade que a gente busca, mas até lá ainda temos uma caminhada longa, tanto na representatividade quanto nas letras que descontrole o machsimo estrutural.

O que está rolando de mais interessante na música hoje, na sua opinião?
Odara – Acho que a possibilidade de experimentações, de ousadia e também de reafirmação. A gente vem sofrendo uma série de retrocessos desde 2016 e acho que a música acaba sendo terreno fértil pra desaguarmos insatisfações , fazermos música de protesto ou só de tristeza mesmo (risos).

Como é seu processo de composição, o que te leva a compor uma música nova?
Odara – O nosso processo de composição é bem maluco e prazeroso. A maioria das composições tem as melodias feitas de maneira coletiva. É um grande mosaico de vivências, visões de mundo, memórias afetivas de cada uma, que fazem do nosso som o mais sincero possível. Mas existem músicas que já vem mais ou menos pronta, como o caso de “A Maré”, que eu tive a ideia e trouxe pras meninas lapidarem comigo.

Quais são suas maiores influências?
Odara – É meio complicado falar por todas, mas acredito que bebemos muito da fonte de artistas consagrados como Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Mautner, Itamar Assumpção, Clube da Esquina, Milton Nascimento, o nordeste maravilhoso com Dominguinhos, Luiz Gonzaga e os contemporâneos Céu, Mariana Aydar, Mayra Andrade, Liniker, Xênia França, Aíla, Josyara, Juçara Marçal, Duda Beat, eita, empolguei, mas a lista é extensa.

Quais são suas principais referências estéticas?
Odara – Eita! Essa pergunta pegou! Eu acho que cada uma traz boas referências pra construir a identidade visual e estética das Pitaias. Mas acho que sobretudo rola muita cumplicidade entre nós e o compromisso de passarmos uma mensagem verdadeira com o nosso som, porque música nos faz bem, nos dá prazer e a gente quer que esse quentinho no peito seja sentido por nosso público também.

Quais são seus valores essenciais?
Odara – Caramba! Olha, acho que vou ser um tanto quanto repetitiva, mas vamos lá. É essencial sinceridade e verdade pro nosso trabalho, isso permeia nossas relações e da força pra seguirmos juntas, mas a sororidade entre as minas, o amor, estão presentes também, com força total.

Quais são suas próximas jogadas?
Odara – Lançamos em outubro o nosso primeiro clipe e na sequência, em novembro, viemos com EP. Acho que já foi um grande e importante passo pra 2018. Assim a gente já deixa geral curtindo e assimilando nosso som no finalzinho do ano, pra no ano que vem chegarmos com força total. A gente quer fazer som e o momento pede também. Então vamos amadurecendo a ideia de um CD completão mesmo. Aperitivo em 2018 e prato principal em 2019! Axé!

SERVIÇO

Pitaias, show de lançamento do EP Pitaias no Mundo Pensante
Quando: quinta-feira, 29, às 20h
Onde: Mundo Pensante – Rua Treze de Maio, 830 entrada: R$ 15 antecipados aqui e R$ 20 na porta.

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Créditos: Caroline Lima

 


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'É um grande mosaico de vivências e visões', dizem Pitaias