Elza Soares


Créditos: Cláudio Augusto/Foto Rio News

Com o show intitulado Deixa a Nega Gingar, Elza Soares subiu ao palco do Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, na noite desta terça-feira (19), e apresentou clássicos como Mas Que NadaMalandro e Espumas ao Vento. A apresentação contou com a participação especial de Gaby Amarantos, cantora paraense representante do tecnobrega, que cantou ao lado de Elza seu hit Ex Mai Love

“Muito obrigada pela presença de todos vocês. Comecei minha carreira em São Paulo e estava cheia de saudades dessa plateia maravilhosa”, afirmou a cantora, antes de acrescentar “eu operei minha coluna, mas a voz ainda é a mesma”, referindo-se a uma cirurgia que faz na coluna há alguns anos. 

Acompanhada pelos músicos Rodrigo Ferreira, Nelson FreitasPaulinho Black e JP Silva, a diva da black music brindou o público com seu conhecido repertório revisitado pelas bases eletrônicas do DJ Ricardo Muralha, que mistura a sonoridade brasileira de Elza vertentes como house, techno e drum’n bass. ”A mistura dos nossos ritmos, como o arroz e feijão, deixa todo mundo com água na boca, não é?”, brincou.

A carioca aproveitou a clássica A Carne, conhecida por seu latente conteúdo político, para homenagear o cantor Chorão, encontrado morto no apartamento em que morava no início do mês de março. “Viva Chorão”, afirmou, antes de emendar a canção Não É Sério, que tem originalmente a participação da rapper Negra Li. “O jovem no Brasil precisa de espaço, precisa ser ouvido”, disse Elza. 

Do auge de seus 75 anos, a interprete não deixou passar em branco e aproveitou o momento para falar sobre a polêmica em torno da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, que atualmente é presidida pelo pastor Marco Feliciano (PSC-SP). A eleição do político para o cargo é motivo de protesto devido a declarações racistas e homofóbicas que ele fez nas redes sociais. 

“O negro continua sendo discriminado no Brasil. Não existe direitos humanos para as minorias. Protejam o mundo gay, as mulheres, os pobres e os negros. Está na hora dessa realidade mudar”, afirmou. “Estamos em um país livre. Somos todos livres, temos o direito de ir e vir. Fora!”, disse. A reação da plateia foi imediata e engrossou o coro da cantora: “Fora!”. 

Na sequência foi a vez de Gaby Amarantos voltar ao palco para um dueto nas faixas Chove Chuva, País Tropical e É Hoje. Antes de se despedir, a paraense aproveitou para agradecer o convite: “Sempre foi um sonho cantar com Elza. É um momento muito importante da minha carreira e uma grande honra”, finalizou.


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