Quando se fala em música de verão, todos os caminhos levam à Bahia. Autoproclamado rei do arrocha, Pablo agora se vê também como monarca da “sofrência”. O termo ficou conhecido após a música Porque Homem não Chora virar um febre e gerar vários memes, tendo sido inclusive cantada por Neymar, tão famoso por seus gols quanto por promover modas nas redes sociais.

“Neymar é um grande formador de opinião musical. O que ele toca, a mídia e o público abraça. Acho isso muito bacana. Ele tem grande expressão no futebol, e agora também na música. Fiquei super contente quando vi o vídeo no Instagram dele. Eu não entendo nada de futebol, eu tenho apreço pelo Bahia. Mas, não sou torcedor. Nem acompanho nada também. Sou um desastre neste assunto (risos).

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Outros vídeos populares mostram o “teste da sofrência”.

Dá pra ouvir essa música sem deixar as lágrimas rolarem?

“O povo brasileiro é o máximo. Eles têm um poder incrível de criatividade. É bem bacana ver que houve uma comoção nacional para isso. Me sinto feliz”, afirma Pablo ao Virgula.

O músico, que diz não se importar com as piadas surgindo a partir de algo que era pra ser sério, dá sua própria interpretação sobre o termo. “Sofrência pode ser sentida de vários modos: ao escutar uma música que emociona; quando toma um corno e é traído; enquanto está vivendo uma paixão; quando está sofrendo por amor; ao assistir um filme romântico”, enumera.

Nascido Agenor Apolinário dos Santos Filho, há 30 anos, em Candeias, cidade a 33 km de Salvador, Pablo conta a origem da música criada por ele. “O arrocha veio da antiga seresta. O arrocha é um termo que eu dizia para os casais dançarem agarradinhos. E, então, o pessoal começou a falar, vamos para o arrocha. Hoje vai ter Pablo lá no arrocha”, lembra.

O músico vê uma ligação direta entre seu som e o lugar de onde veio. “Foi em Candeias que nasceu o arrocha. Em Candeias, há uns 15, 19 anos, tinha muita seresta”, recorda.

“Hoje temos uma onda forte do sertanejo universitário que incorporou o arrocha em suas canções, mas que não deixa de ser o sertanejo”, afirma Pablo, antes de relativizar: “Pra que rótulos, não é verdade?”

Entre os sons novos que curte e indica ele escolhe uma banda e um artista baianos. “Eu sou fã da banda Kart Love, os meninos são nota dez. E também Frank e Alex, dupla sertaneja de Salvador”, afirma.

Já sobre seus heróis musicais em todos os tempos, ele prova de que a relação com o sertanejo é mesmo forte. “Sem dúvidas, não posso falar de música sem falar de Zezé Di Camargo & Luciano“.

Pablo explica pra gente também que não é compositor do som que o tornou uma febre. “Porque Homem Não Chora é do parceiro Roni dos Teclados. Eu geralmente não componho música. Recebo as canções de parceiros, que sempre me presenteiam com belas letras. Mas, prezo sempre a escolher por canções que falem do amor, como ele tem que ser. E por letras que priorizem o cotidiano das pessoas”, diz.

Sobre seus outros sucessos que mais curte, ele elege três músicas. “Eu gosto de todas, mesmo. Cada uma tem um jeito especial. Claro que tem as que marcam sua carreira de um modo que não tem como você esquecer, é o caso de Pecado de Amor, grande sucesso da minha amiga Fátima Leão, A Casa ao Lado e Fui Fiel“, aponta.

E, para por fim, à discussão se homem chora ou não, ele nos conta a última coisa que o fez chorar. “A saudade dos meus filhos e esposa. A agenda está tão corrida que passo tão pouco tempo com eles”, lamenta.

Como se vê, a sofrência é mesmo universal.


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Entrevistamos Pablo, o rei da sofrença que tá fazendo todo mundo chorar