Festa Javali

Leandro Godoi Festa Javali

Você entra na balada e ouve de cara os hits mais atuais do pop, que vão de Beyoncé a Rihanna. Vai um drink, dois drinks, três drinks… Você já está lá cantando Drunk In Love como se fosse a música da sua vida quando de repente o DJ continua o set com Evidências, de Chitãozinho e Xororó. Ué? Será que ele se enganou? “Bom, vamos esperar a próxima música”, você pensa. Em seguida, vem Spice Girls, George MichaelGretchen… E todos ao seu lado estão se jogando na pista como se não houvesse amanhã.

Misturar músicas consideradas trash em meio ao pop e ao indie é algo cada vez mais comum nas baladas de São Paulo. “Percebemos que a brincadeira estava em encontrar músicas que tocassem na memória afetiva das pessoas”, conta Adipe Neto, DJ residente da Javali. A festa já teve mais de 35 edições desde 2012, e Adipe diz que os residentes na verdade nunca pensaram em rotular essas músicas como trash.

Festa Javali

Leandro Godoi Festa Javali

“Quando o Emmanuel Vilar, que é o dono da festa, me chamou para o projeto da Javali, a ideia era fazer uma balada como se fosse uma grande festa de casamento que tocasse de tudo”, explica Adipe. A ideia não só deu certo como se mantém um sucesso até hoje. “Acho que conseguimos sair do óbvio e atingir uma galera mais madura e bem misturada”, diz ele.

Outra festa que segue o esquema trashzeira é a Manchete – Bagaceira Erudita, que já no nome não esconde a que veio. A ideia da festa, aliás, nasceu de uma reação inusitada do público quando Amauri Fantato e Marcel Mangioni resolveram tocar Voyage Voyage, do Desireless, no meio de um set de house em um evento mais descolado. “Depois disso, não deixaram a gente seguir o set de house. Entravam na cabine e pediam músicas bagaceiras pra dançar”, conta Amauri.

Mas por que será que na balada as pessoas reagem a essas músicas (que muitas vezes são consideradas bregas) de maneira tão emocional? “Para nós, Evidências é um hit clássico da cultura brasileira. Todos sabem cantar melhor que o hino nacional, por mais que não gostem de sertanejo e nunca tenham comprado um CD da dupla [Chitãozinho e Xororó]”, diz Adipe. “Essa memória afetiva que a música traz, associada com o consumo alcoólico (risos), faz a pessoa entrar em uma espécie de catarse onde ela canta e grita Evidências na balada com os amigos”, complementa.

Além do saudosismo, essas músicas tocam em outro ponto: quando chega a hora delas, ninguém precisa manter a linha na pista – ou, como bem diz Amauri: “festa bagaceira não tem carão”. Seja ao som de Total Eclipse of The Heart, da Bonnie Tyler, ou de Estoy Aquí, da Shakira, que estão entre as mais pedidas das festas, a galera se descontrola e se liberta. “A única resistência que tivemos em todas as edições foi quando precisamos desligar o som para ir embora”, afirma ele.

Festa Manchete

Paulo Peixoto Festa Manchete

Ficou na vontade? A próxima Javali rola nesta sexta (4), na Liberdade, e a Manchete vai fazer uma edição comemorativa de um ano no dia 14 de novembro. Vai se programando:

SERVIÇO

Festa Javali
Data: 4 de setembro
Horário: 23h
Endereço: Praça Almeida Júnior, 86 – Liberdade (próximo ao Metrô)
Venda antecipada online de ingressos e bebidas no link http://www.eventick.com.br/javalidirtydancing

Festa Manchete – Bagaceira Erudita
Data: 14 de novembro
Os ingressos começam a ser vendidos no fim deste mês. Fique ligado no Facebook ou no Instagram da festa.


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Festa bagaceira não tem carão. Saiba por que as músicas trash estão dominando as pistas