Um dos maiores festivais de música do Brasil foi ressuscitado nesta semana por uma empresa italiana de telefonia móvel.

A idéia é que o antigo Free Jazz, agora sob o novo nome de Tim Festival, aconteça no final de outubro no Rio de Janeiro e, no próximo ano, venha para São Paulo em um novo auditório que será construído no parque Ibirapuera.

Com uma injeção de 25 milhões de reais, a empresa Tim pretende por seu nome em quatro projetos musicais.

Além de reacender o Free Jazz e bancar a construção do auditório no parque Ibirapuera — retomando o projeto de 1954 de Oscar Niemeyer –,comandará o Prêmio Sharp e levará música para escolas da rede pública.

Para o Tim Festival deste ano, que terá lugar no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro onde acontecia o Free Jazz, duas atrações já estão fechadas. No total, serão 20 nomes, entre artistas nacionais e internacionais, que deverão ser confirmados até junho.

Entre os astros já escalados estão a cantora Patti Austin, que virá acompanhada pela Count Basie Orchestra para fazer um tributo a Ella Fitzgerald, e o DJ japonês Cornelius.

“Vi esse show-tributo a Ella Fitzgerald no ano passado em New Orleans e adorei”, disse à Reuters Zuza Homem de Mello, crítico musical e um dos curadores do evento há quase 20 anos desde quando ainda era Free Jazz.

“Estávamos tranquilos que isso (a volta do festival) iria acontecer, cedo ou tarde. Era questão só de uma empresa ter condições de arcar (com os custos)”, comentou.

O Free Jazz 2003 foi cancelado no final do ano passado pela patrocinadora Souza Cruz, fabricante do cigarro Free, por falta de verba causada pela forte alta do dólar.

WORKSHOPS, PALESTRAS E CINEMA

Segundo Zuza, como o festival irá acontecer apenas em uma cidade de cada vez — pelo menos nas primeiras edições — será possível retomar os workshops e palestras com os músicos, além de organizar sessões de cinema com filmes sobre jazz.

“Eles (os artistas) vão ter mais tempo de ficar na cidade e não vão precisar sair correndo no dia seguinte, como acontecia antes”, afirmou o curador.

Os três palcos que formavam o Free Jazz também vão continuar: um principal (Tim Stage), outro especial para atrações só de jazz (Tim Club) e o para as novas tendências do mundo todo (Tim Lab).

“A idéia é dar ao público a possibilidade de ver nomes individualmente não tão conhecidos, mas coletivamente importantes”, respondeu Zuza, quando perguntado sobre a possibilidade da vinda de grandes bandas internacionais.

“Um festival não é um giro em torno de um só nome. A meta principal é possibilitar (a vinda de) artistas que teriam poucas chances de fazer um show no Brasil e trazer nomes que possam se tornar grandes depois”, continuou.

Nenhum astro nacional foi confirmado ainda. “Mas como os outros anos, serão nomes consagrados da música brasileira ao lado de novidades.”

NOVO PALCO NO IBIRAPUERA

Já no próximo dia 24 começará a construção do Auditório de Música do Parque do Ibirapuera, projeto criado por Niemeyer em 1954 e não concluído na época. A inauguração está prevista para 25 de janeiro de 2004, no aniversário de 450 anos da cidade de São Paulo.

O prédio, com capacidade para 800 pessoas, ficará em frente ao pavilhão conhecido como Oca e estará interligado a ele e a marquise do parque por uma passagem coberta. Segundo Mario Cohen, consultor da área de Imagem Corporativa da Tim, metade dos 25 milhões de reais será gasta nessa construção.

Já o Prêmio Sharp, que ganhou o nome de Prêmio TIM de Música Brasileira, acontecerá nos últimos dias de junho, com 35 segmentos premiados por um júri de 21 profissionais.

No lado educacional, a Tim pretende ajudar cerca de cinco mil alunos de escolas públicas espalhadas por cinco Estados brasileiros — São Paulo, Pernambuco, Bahia, Santa Catarina e Acre –, provendo material para aulas de iniciação musical.


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Free Jazz ressuscita com novo patrocinador e muda de nome