“Não nos importamos com rótulos. Somos grande fãs de axé, forró, tecnobrega, lambada, funk…” Esse é o tipo de frase que, saída da boca de uma artista como Claudia ou Ivete, ninguém estranharia. Agora, vindo de cinco caras do cenário do rock independente paulistano, associados a baladas “do under” como Neu e Funhouse? 

O Holger não é mesmo banda de seguir padrão. Tem nome sueco, diz que faz “música de verão” e acaba de lançar um primeiro álbum chamado Sunga, pela gravadora Trama.

O vocalista Pata explica melhor a questão do nome: “Holger é um nome próprio comum em países nórdicos e um de nós tinha um amigo sueco chamado Holger. Quando começamos com o Holger, estávamos ouvindo bastante pop sueco como I’m From Barcelona, Jens Lekman, Suburban Kids With Biblical Names, entre tantos outros, e queríamos soar como eles. Deu tudo errado: não soamos como o pop sueco nem queremos soar mais.” 

E como eles querem soar agora?

“Queremos soar como Paralamas do Sucesso.”

Ouvindo o álbum, percebe-se a limitação da última frase. O Holger tem uma riqueza de influências que não cabe numa definição rápida: música caribenha, afropop, música eletrônica, rock, pop, música de trio elétrico, música de banda de garagem. Títulos de músicas como Caribbean Nights e Geneçambique simbolizam bem a mescla que é a caçarola do Holger.

“Gostamos de música”, simplifica Pata. “Ouvimos de tudo e acabamos sendo influenciados. Mas não é algo pensado.”

Holger – Let’em Shine Below

Os shows do Holger já foram definidos por eles mesmos como “o mais próximo possível de uma micareta”.

“Quando subimos no palco levamos tudo que temos, fazemos cada show como se fosse o último da nossa vida”, diz Pata. “Costuma ser uma festa sem limites, tentamos deixar o público à vontade para fazer o que quiser, e muitas coisas acabam acontecendo…”

ANTI-DOGMA

Fico curioso em saber como o cenário indie paulistano reage às peculiaridades do Holger. Afinal, o meio pode se julgar “alternativo”, mas é engessado pela mesmice e pelos dogmas (“isso sim/isso não”) tanto quanto as esferas mais comerciais do pop milionário. Para alguns, juntar axé e rock na mesma frase, quem dirá no mesmo disco, é digno de pena de morte.

“Sim, rola muito purismo, em especial entre os jornalistas de música ligados a esta cena. A molecada é mais cabeça aberta. Os caras vão pagar pau pra nova Marisa Monte, pro novo Los Hermanos, pro poeta da Augusta, pra banda que copia a cópia do Strokes, pro stoner rock reciclado, ou seja, pro que é fácil pra eles. O pessoal é careta mesmo.”

Ignorando os quadrados, o Holger toca sua bola pra frente. Pretendem começar a cantar em português, já que até agora só tem usado o inglês (“nossa meta maior”). Depois de um janeiro “lotado”, a banda tem shows marcados para quase todos os fins de semana até o final de abril. Parte deste shows será nos EUA e Canadá, onde tocam entre 2 e 22 de março (incluindo os festivais SXSW e Canadian Music Week). 

Tem mais: Sunga vai sair no Japão em março. E uma das faixas do disco, Toothless Turtles, fará parte da trilha do filme Bruna Surfistinha

“2011 já começou como planejávamos: o melhor ano das nossas vidas. Este ano ainda gostaríamos de rodar América Latina, Japão e Europa. Estamos trabalhando para isso. Vamos ver”, conclui Pata, confiante. Não faltam motivos.

Veja abaixo a banda tocando Toothless Turtles:

Clique aqui para ir ao site oficial do Holger.


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Holger combate purismo indie com axé, África e Bruna Surfistinha