Girma Bèyènè

Girma Bèyènè

Lançado no início deste ano pelo selo Buda Musique, o álbum “Mistakes on Purpose” (“Erros Propositais”) representa o ressurgimento do etíope Girma Bèyènè ao panorama da música internacional. Ao lado do quinteto francês Akalé Wubé, o “titã do ethio-jazz”, como definiu o jornal “Washington Post”, retoma a carreira musical após um longo exílio nos Estados Unidos e o afastamento dos palcos por quase três décadas.

O encontro de gerações (Girma, septuagenário que iniciou sua carreira na década de 1960, com os meninos do Akalé Wubé, grupo criado em 2009) pode ser visto no palco da Comedoria do Sesc Pompeia, em São Paulo, nos próximos dias 2 e 3 de novembro.

As apresentações celebram a retomada musical de Girma e também revelam a sinergia do artista de Adis Abeba (capital da Etiópia) com Akalé Wubé, grupo parisiense especializado no repertório ethio-jazz dos anos 1960-70, décadas consideradas como a Era de Ouro da música etíope moderna – foi exatamente neste período que Girma surgiu no cenário musical e se consagrou como um dos mais produtivos músicos da sua geração.

Desde 2015, Girma vem flertando com Akalé Wubé. O primeiro encontro entre eles aconteceu no Studio de l’Ermitage, em Paris, durante um concerto dirigido pelo produtor francês Francis Falceto. Após lançarem o álbum “Mistakes on Purpose”, em janeiro de 2017, Girma e Akalé Wubé vêm se apresentando ao redor do mundo, revelando a beleza e o suingue do ethio-jazz.

Nos shows que ocorrem no Sesc Pompeia, Bèyènè (voz e piano) é acompanhado por Paul Bouclier (trompete, a lira etíope Krar, bugle e percussão), Oliver Degabriele (baixo), Etienne de la Sayette (saxofones e flautas), David Georgelet (bateria) e Loïc Réchard (guitarra).

Mais sobre os artistas O ethio-jazz – fusão entre o soul, o jazz americano e a música etíope – tem em Girma Bèyènè um de seus maiores representantes. Em 1974, após a deposição do imperador Haylè-Sellassié, Bèyènè se uniu a Walias Band e compôs seu maior sucesso, o funk jazz “Musiqawi silt”, gravado por Mulatu Astatke e pelos americanos do Daktaris, entre outros – a música é uma das faixas de “Mistakes on Purpose”.

Em 1981, enquanto a Walias Band fazia turnê pelos EUA, alguns integrantes resolveram permanecer no país, Bèyènè entre eles – porém o artista, que estava em Washington, não conseguiu viver da música e caiu no ostracismo.

Quase 30 anos depois, em 2008, o pesquisador e produtor francês Francis Falceto, especialista em ethio-jazz, mudou o rumo dessa história, como destacou o jornal “Le Monde”: “Há muito esquecido e em silêncio, Girma Bèyènè foi redescoberto em 2008, no 7º Festival de Música da Etiópia, organizado por Francis Falceto e seu amigo Heruy Arefaine. ‘Nós quisemos homenagear Bèyènè naquele ano e o trouxemos dos Estados Unidos. Foi naquele momento que os músicos etíopes mais jovens perceberam que muitas canções que eles tocavam eram dele’”.

Atualmente, Bèyènè vive entre seu país de origem e os EUA. O produtor francês foi responsável pela aproximação do septuagenário Bèyènè com o jovem quinteto Akalé Wubé (cujo nome significa “beleza da alma”), criado há quase dez anos e especializado no repertório ethio-jazz dos anos 1960 e 70.

SERVIÇO

Girma Bèyènè & Akalé Wubé (Etiópia / França) Produção: DJ Paulão e Nascedouro Gestão Cultural Realização: Sesc Pompeia. Dia 2 de novembro, quinta – 18h30 Dia 3 de novembro, sexta – 21h30 Comedoria *A capacidade do espaço é de 800 pessoas. Assentos limitados: 150. A compra do ingresso não garante a reserva de assentos. Abertura da casa às 17h30, na quinta, e às 20h30, na sexta.


int(1)

Ícone do jazz etíope que ficou 30 anos esquecido, Girma Bèyènè se apresenta no Brasil