Prêmio Multishow 2013


Créditos: Photorionews

Se a noite do Prêmio Multishow 2013, entregue no Rio até a madrugada desta quarta-feira (04), era inspirada no futebol. A apresentadora Ivete Sangalo só marcou seu golzinho aos 45 minutos do segundo tempo e por pouco não saiu com fama de pé frio. Diante da tensão natural do ao vivo e atrapalhada com o ponto eletrônico e com o texto do telemprompter, Ivete só se safou ao receber o prêmio, por voto popular, de melhor cantora.

E justamente ela que havia dito  ao seu parceiro, Paulo Gustavo, durante o prêmio, que não estava na disputa para competir e sim para vencer. Em outro momento constrangedor, disse em tom de brincadeira séria que era dona do Carnaval da Bahia, agora que estava cuidando da carreira de Saulo Fernandes, ex-cantor da banda EvaClaudia Leitte deve ter engolido seco.

No voto popular, para levar o prêmio de melhor cantora, Ivete bateu Ana CarolinaClaudia LeitteMarisa MontePaula Fernandes. Antes, ela havia sido superada por Thiaguinho, que levou melhor música por Buquê de Flores. A “rainha do axé” concorria com Dançando.

Já no melhor show, Ivete foi superada por Paula Fernandes, que disse ter incorporado elementos teatrais em sua apresentações ao vivo. Paula, por sua vez, protagonizou um momento vergonha alheia na interpretação de É o Amor, com um registro vocal com a voz empostada em que se aproximava de Roberta Miranda e junto de Zezé di Camargo e Luciano vacilantes e desafinados, talvez atrapalhados por problemas técnicos.

Outros que sucumbiram ao tom e ao tempo foram D2 e o ConeCrewDiretoria, talvez bem intencionados em sua homengem aos protestos, mas absolutamente desencontrados. Naldo, que fez o show mais longo da noite também deu umas desafinadas. A frieza do público, indiferente aos remelexos do funkeiro. também gritou.

Mas a noite não foi só de “Multishow de horrores”, também houve alegrias como os encontros de Thiaguinho e Péricles, separados nos palcos desde o fim do Exaltasamba e Caetano Veloso e Emicida, mostrando que, sim a música brasileira, não é um caso perdido.

Outro momento a se destacar foi a premiação a Guilherme Arantes pelo discaço independente Condição Humana, escolhido pelo chamado “superjúri”. O ídolo paulista, então, elogiou a diversidade da música brasileira e se derreteu para Anitta e Naldo, destacando o bom momento vivido por eles. Foi uma lição de Guilherme de que é necessário se despir de preconceitos para lidar com a música popular.

Anitta, aliás, foi na mesma direção ao elogiar Lucas do Fresno e se declarar fã. Talvez apenas quando essas barreiras caírem, a música vai ser tratada com a mesma elegância de Emicida e Caetano. Mas ninguém pode dizer que eles são melhores ou piores que Naldo e Anitta.

“O Brasil não é para principiantes”, já dizia Tom Jobim. E um retrato disso foi Ivete saindo de uma música que parecia gospel emendando com outra que soava como os tambores que cultuam os orixás.


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Ivete Sangalo afasta 'pé frio' aos 45 do segundo tempo no Prêmio Multishow