Lollapalooza 2014: o tatuador Roger Marx


Créditos: Acervo Pessoal/Roger Marx

Você sabia que em grandes festivais de música há um tatuador de plantão no backstage para atender aos músicos e suas equipes? O Virgula Festivais conversou com paulistano Roger Marx, 34 anos, que foi convidado pela organização do festival Lollapalooza Brasil para atender aos desejos de nomes como SILVA e os meninos do Cone Crew Diretoria

“Durante o festival SWU eu tatuei uma produtora do Lollapalooza, que me convidou para montar um stand de tatuagem no backstage do evento em 2014. O meu trabalho foi tatuar músicos, suas equipes e os convidados do camarote. Foi uma correia, mas muito massa!”, conta o tatuador. 

Entre a noite de sexta-feira, quando começou o atendimento no festival, e a manhã desta segunda (07), Roger fez mais de 60 tatuagens: “Tatuei todo tipo de público: músicos, seguranças, convidados, equipe técnica e também o pessoal que estava trabalhando na cozinha e na limpeza. No domingo, a demanda foi tão grande que estávamos trabalhando em três pessoas: eu, minha mulher, Mila, e a tatuadora Carina Roma. ”. 

Entre os nomes conhecidos estavam: Julian Casablancas, os caras do Cage The ElephantAFI e todos os músicos que tocam com o SILVA. “Também tatuei o guitarrista Peter Distefano, do Porno For Pyros, que é amigo do Perry Farrell e estava por aqui curtindo o evento”, conta Roger, antes de acrescentar: “não tenho fotos com todo mundo, por uma questão de tempo. A demanda foi tão grande que não tive tempo para pensar nesses ‘detalhes’”, brinca. 

Dentre as 60 tatuagens que fez, o artista escolheu os dois pedidos mais estranhos: “um garoto jovem, que não gravei o nome, escreveu FODA-SE no antebraço esquerdo e um cara do AFI fez uma caricatura do segurança da banda com os dizeres ‘crack da 40’. Não faço ideia do seu significado ou dos motivos que o levaram a fazê-la”. 

Infiltrado nos bastidores do maior festival internacional de São Paulo, Roger arrumou um tempinho e conseguiu curtir alguns shows. “O produtor do Pixies me convidou para ver o show do palco, foi incrível! Também peguei uma carona na van dos caras do Imagine Dragons. Posso dizer que são pessoas incríveis e muito educadas.” 

O show que o tatuador mais queria ver, contudo, não foi da forma que ele imaginou. “Não poder ver o Nine Inch Nails do palco e isso foi uma grande decepção. Tentei entrar no pit, o lugar em que ficam os fotógrafos, mas fui expulso por um segurança. Depois tentei ficar ao lado dos bombeiros, mas ele me expulsou novamente. Algo me diz que ele não curtiu meu corte de cabelo”, finaliza. 

Veja a entrevista na íntegra abaixo:

Virgula Festivais: Como rolou o convite para você tatuar no Lollapalooza Brasil? 
Roger Marx: Eu conheci (e tatuei) a Mari Ribeiro, produtora do Lollapalooza, em outro festival, o SWU, quando tatuei o Phil Anselmo, do Pantera. Ela me fez o convite para montar um stand de tattoo em uma área de convivência e recreação para as bandas, oferecer tattoos aos músicos, equipe e convidados.

Virgula Festivais: Quantas tatuagens você fez durante o evento? 
Roger Marx: Eu fiz aproximadamente 60 tattoos. Comecei na sexta, quando montei o stand. Fiz em algumas pessoas da produção do evento. No sábado e domingo tatuei todo tipo de público: músicos, seguranças, convidados, equipe técnica e também o pessoal que estava trabalhando na cozinha e na limpeza.

Virgula Festivais: E você fez tudo isso sozinho?
Roger Marx: No sábado, tive que parar mais cedo. Fiquei sem agulhas. No domingo, a demanda foi tão grande que precisei pedir ajuda para a Mila, minha mulher, e também para a minha amiga, a tatuadora Carina Roma. Enquanto fazia um trabalho, havia oito pessoas na fila de espera. Foi uma loucura! 

Virgula Festivais: Quem você tatuou? 
Roger Marx: Os caras do crew do Julian Casablancas, Cage The Elephant, AFI e todos os músicos que tocam com o SILVA. Também tatuei o guitarrista Peter Distefano, do Porno For Pyros, que é amigo do Perry Farrell e estava por aqui curtindo o evento. Os caras do Cone Crew Diretoria. 

Não tenho fotos com todo mundo, por uma questão de tempo. A demanda foi tão grande que não tive tempo para pensar nesses ‘detalhes’. Depois do evento ainda fui até o hotel da Yasmine, vocalista da banda Krewella, para tatua-la. 

Virgula Festivais: Qual foi o pedido mais estranho? 
Roger Marx: Foram dois: um garoto jovem, que não gravei o nome, escreveu FODA-SE no antebraço esquerdo e um cara do AFI fez uma caricatura do segurança da banda com os dizeres ‘crack da 40’. Não faço ideia do seu significado ou dos motivos que o levaram a fazê-la

Virgula Festivais: Você estava infiltrado no backstage do festival, o que vou de mais legal por lá? 
Roger Marx: Apesar da correria, tive algumas experiências interessantes. Fui convidado pelo Julian Casablancas para ver o show do palco, mas bem na hora eu estava tatuando o Peter, do Porno for Pyros e não pude. Confesso que não caiu a ficha disso ainda. 

Outro momento legal foi durante uma volta ao backstage, quando o Imagine Dragons me deu carona. Eles são pessoas engraçadas e divertidas. Além disso, o produtor do Pixies me convidou para ver o show do palco. Foi incrível!

Virgula Festivais: Qual banda você mais queria ver? 
Roger Marx: Sou muito fã do Nine Inch Nails, mas não ver o show do palco foi uma grande decepção. Tentei entrar no pit, o lugar em que ficam os fotógrafos, mas fui expulso por um segurança. Depois tentei ficar ao lado dos bombeiros, mas ele me expulsou novamente. Algo me diz que ele não curtiu meu corte de cabelo. 

Virgula Festivais: Além dos artistas do Lolla, quem mais você já tatuou? 
Roger Marx: São muitos! O Tracii Guns (LA GUNS), Phil Anselmo (Pantera/Down) as meninas do The Donnas, a banda Faster Pussycat inteira, o ggor Cavalera (Sepultura/Mix Hell/ Cavalera Conspiracy), Alexi Laiho (Children of Bodon) e Zakk Stevens (Savatage/Circle II Cirlcle). Também tatuei o cantor Otto, o Di Fererro (NX Zero), o Alex e Moyses (Krisium).

Virgula Festivais: Ser um tatuador exige uma grande responsabilidade, mas tatuar astros da música e uma responsa maior ainda? 
Roger Marx: atuar é sempre uma responsabilidade. Isso não precisa nem dizer, está implícito no trabalho. 

Atualmente, não fico mais nervoso ao tatuar alguém que admiro ou que tem uma visibilidade grande. Apenas faço o meu trabalho da melhor forma que eu consigo em todos. Quando tatuei o Phil Anselmo, por exemplo, tive que dar uma bronca nele, que não parava quieto. Ele me pediu desculpas e se comportou. Depois disso eu pensei: “nossa, acabei de mandar o Phil Anselmo, o Senhor ‘Fucking Hostile’, ficar quieto!”.

O cara ainda me pediu desculpas e eu não consegui segurar um sorriso de satisfação. 

Virgula Festivais: Você é músico também? 
Roger Marx: Sim, a música é a responsável por me levar até a tatuagem. Comecei a tocar baixo aos 15 anos de idade. Depois disso, participei de uma banda chamada Cyber-Jack, lançamos um álbum e fizemos uma turnê pelos EUA em 2000. Depois Integrei o Liberta, banda independente que lançou um EP e alguns clipes. Hoje toco com o Grindhouse Hotel, uma banda de stoner rock.

A música é a minha vida. 


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