Serenidade e discrição. Apesar dessas características não serem citadas quando o assunto é grupo musical, podem cair como uma luva na trajetória do Madredeus, banda que vem de Portugal e aterrissa em terras brasileiras para algumas apresentações a partir do próximo dia 10 de maio.

O espetáculo — que costuma ser concorrido, o que gerou à banda um status “cult” — é intitulado “Movimento”, e fica em cartaz no Teatro Alfa, em São Paulo, de 10 a 13 de maio.

O Madredeus vem percorrendo uma belíssima trajetória internacional, o que não impede a banda de se ater em suas raízes musicais, baseadas principalmente na nostalgia e no sentimentalismo do fado, porém com um sabor contemporâneo.

“Decidimos que, para poder continuar o nosso trabalho, poderíamos estar em turnê no máximo 50 por cento de nosso tempo”, disse Pedro Ayres Magalhães, um dos instrumentistas do grupo, em entrevista a jornalistas na segunda-feira.

“Então, aceitamos convites para apresentações ou outros projetos sempre tendo em vista esse limite.”

Magalhães não esconde sua satisfação com a grande receptividade do público brasileiro à música do Madredeus. Originalmente, estavam previstas três apresentações em São Paulo, mas a grande procura por ingressos levou o Teatro Alfa a promover um concerto extra, na segunda-feira dia 13 de maio.

A delicadeza de sentimentos da música do Madredeus, e também de seus integrantes, é uma tradição de 16 anos.

Os guitarristas clássicos Pedro Ayres Magalhães e José Peixoto, juntamente com Carlos Maria Trindade no sintetizador e Fernando Júdice na guitarra e no baixo acústico, são acompanhados da bela voz de Teresa Salgueiro.

A combinação evoca um Portugal que se defronta com os desafios e inevitáveis transformações da modernidade, mas não quer se esquecer de suas raízes milenares.

“Temos uma forte tradição como grupo, mas permanecemos relativamente fora da mídia. Nossa música tem um caráter confessional.”

É uma música expressiva de uma alma nacional, nunca suficientemente explorada nos tempos do romantismo, mas que hoje vem à tona de uma maneira que está a meio-caminho entre a música erudita e a popular.

O título do espetáculo, e do CD homônimo que a EMI lança por aqui, vem do fato de que as obras apresentadas foram compostas “Em movimento”, isto é, ao longo das turnês que têm levado o conjunto aos quatro cantos do mundo nos últimos anos.

Se o Madredeus geralmente é classificado como World Music, o grupo em breve lançará um DVD no qual se apresentará ao lado da Orquestra Sinfônica Flamenga, da Bélgica, num espetáculo filmado na esplêndida cidade medieval de Bruges. Trata-se de um clássico em formação.


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Madredeus mostra em SP mistura de modernidade e tradição