Foto: Guto Costa

Talvez você a conheça do programa “The Voice Brasil”, ou então a tenha escutado no EP de Ludmilla, “Numanice”, na faixa “Não É Por Maldade”. O fato é que uma vez que se escuta a voz de Marvvila, fica fácil de identificá-la. Pois como já disse Lulu Santos no programa de calouros, lá em 2016: “você tem uma coisa a seu favor que é de nascença, você tem um timbre único”.

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A cantora de Bento Ribeiro, subúrbio do Rio de Janeiro, está chegando para fortalecer a presença das mulheres no pagode, um gênero dominado por ícones masculinos. Agora é ela que quer mandar a letra, como contou em entrevista exclusiva ao Virgula.

“Apesar do pagode ter um público muito feminino, ainda não veem com naturalidade uma mulher subindo no palco e soltando a sua voz. Ainda julgam muito a gente, a roupa que a gente veste, o jeito que a gente canta. Canto pagode porque amo e porque quero encorajar mulheres a poderem cantar o que quiserem. Quero descer do palco sabendo que, depois de mim, vai subir outra”, contou, acrescentando que acredita que “as mulheres vão ocupando esses espaços com o tempo”.

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Marvvila bem lembrou que no samba existem “muitas referências de força, como a Beth Carvalho, a Alcione, a Jovelina Pérola Negra, a Dona Ivone Lara”, e nota que “mais atualmente veio o sertanejo trazendo o ponto de vista da mulher para as histórias românticas”.

No pagode, a cantora de 21 anos trouxe sua perspectiva no novo single “Dizendo por Dizer”, lançado no início de Setembro.

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A música é a primeira lançada sob o selo da Warner Music Brasil. Sim, ela se lançou em uma nova fase, assinou contrato (por meio de uma live, diga-se de passagem) e estreou um single em meio à pandemia.

Marvvila encarou. E ainda enxergou um lado positivo. A saudade dos palcos e do contato com os fãs é grande. No entanto, o período rendeu frutos.

“Estou com uma saudade enorme de pisar nos palcos e sentir o calor humano. Mas esse período foi ótimo para pensar em todo o conceito desse meu lançamento como artista. [Caso contrário] não teríamos tanto tempo para fazer esse trabalho tão cheio de detalhes”. Ela adiantou que está tudo sua cara: “com a força e a delicadeza que eu sempre quis para a minha carreira”.

13 anos, um cavaquinho e o início da aventura

Kassia Marvila, que aderiu ao nome artístico de Marvvila, começou a cantar aos 5 anos de idade nas igrejas que frequentava com os pais. O pagode entrou em sua vida aos 13 anos. “Tinham dois meninos que levavam o cavaquinho para a aula, e foi nessa época que comecei a me aventurar pelo pagode”, contou.

Foi em 2016, o ano em que participou do “The Voice Brasil”, que começou a enxergar a música como profissão.

“A projeção que o programa me deu foi muito grande e meus vídeos cantando em casa começaram a viralizar no meio do pagode. Fui recebida muito bem por esse gênero que amo tanto.”

Mas por ser minoria no nicho, Marvvila revelou que no começo sofria ao se apresentar em lugares onde não a conheciam.

“Olhavam para mim como se eu não fosse dar conta do recado. Não olhavam com a mesma naturalidade com que olham um homem no palco. Mas quando eu cantava bem, tudo mudava”.

Bom, seu feat. com Ludmilla está aí para mostrar sua potência. A cantora chamou a atenção com um de seus vídeos caseiros, a dona do hit “Cobra Venenosa” comentou na publicação e a chamou para ir em sua casa, em 2018.

“Desde então, somos amigas, mas eu achei que ia demorar muito para que nós pudéssemos gravar algo juntas. Esse ano, com o projeto ‘Numanice’, surgiu essa oportunidade e eu me senti muito honrada por fazer parte disso. Ela foi muito generosa em me dar esse espaço e me passar o bastão para seguir firme no pagode”, disse.

E graças à live, Marvvila contou que muita gente a reconhece – mesmo de máscara – quando sai na rua.

Se já queremos mais feat. e hits? Com certeza.

A cantora afirmou que ainda vai trabalhar bastante “Dizendo por Dizer”, mas já adiantou ao Virgula que lançará mais singles ainda neste ano. O “projeto grande” está sendo pensado para o ano que vem.

Seu recado é: “podem esperar uma artista bem diferente de tudo o que já viram no pagode”.

Antes de finalizar, Marvvila deu uma palhinha do que a inspira.

Três músicas que a inspiram como artista: “Melhor Eu ir” do Péricles, “Tá na Cara” do Ferrugem e “I Care” da Beyoncé.

Três músicas que não para de escutar atualmente: “Dizendo por Dizer” (claro), “Dorme Com Deus” do Péricles com Grupo Tá Na Mente e “Best Part” do Daniel Caesar.

Marvvila

Marvvila Marvvila Marvvila Ela participa da faixa "Não É Por Maldade" Créditos: Guto Costa

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Marvvila, a ex-The Voice que quer abrir espaço para mulheres no pagode