Otto

Kenza Said Otto

Depois de uma passagem retumbante pelo Rio de Janeiro, o MIMO FESTIVAL chega neste fim de semana (17 a 19 de novembro) a Olinda, sua cidade-mãe, onde desde 2004, atrai uma multidão de visitantes. É a última etapa do MIMO em 2017, depois de passar por Amarante, em Portugal, pelas históricas Tiradentes e Ouro Preto, em Minas Gerais, e Paraty, na costa fluminense, e aportar no Rio de Janeiro no último fim de semana. do Brasil e do exterior nos dias de realização do festival.

Prestes a completar 15 anos, em 2018, e consolidado como o maior festival de música gratuito da América Latina, o MIMO traz à cidade uma programação abrangente, com concertos inéditos de artistas de diversas nacionalidades. O pernambucano Otto é o headliner do evento e encerra o festival de 2017 em grande estilo em Olinda, apresentando seu novo álbum, “Ottomatopeia”.

Entre os destaques, estão o cineasta e músico Emir Kusturica & The No Smocking Orchestra, da Sérvia, com sua fanfarra; a jovem francesa Laura Perrudin, que com uma harpa cromática eletrificada, mistura jazz, hip hop, soul e música eletrônica; o violinista e fantástico improvisador francês Didier Lockwood, com seus mais de 40 anos de carreira, 4 mil apresentações e turnês pelo mundo; o excepcional trio africano 3MA, formado pelo renascentista Rajery com sua valiha, o mágico da kora BallakéSissoko e o incrível oudista Driss El Maloumi; o instrumentista, compositor e cantor de Mali Vieux Farka Touré, que foi considerado pelo jornal inglês “The Guardian” “o novo herói da guitarra africana”; o coletivo Ondatrópica, da Colômbia, que, com um pé na tradição e outro na modernidade, vai da cúmbia ao hip hop, passando pelo funk, dub, jazz e ska; e o roqueiro português Manel Cruz, que ganhou notoriedade, na década de 1990, como integrante da cultuada banda Ornatos Violeta e acabou de estrear no Brasil, na edição do MIMO no Rio de Janeiro.

Realizado por Lu Araújo Produções e Musickeria, o MIMO FESTIVAL é apresentado pelo Ministério da Cultura, Bradesco e Cielo, tem o patrocínio do BNDES e HERO – conjunto de aplicativos desenvolvido pela FS – além de contar com o apoio da Estácio, Azul Linhas Aéreas, como companhia Aérea Oficial, Minalba como Água Oficial, e 99. Em julho deste ano, a segunda edição portuguesa do festival alcançou um sucesso estrondoso, levando 60 mil pessoas à cidade de Amarante. Na Escócia, em janeiro, o MIMO foi convidado para representar o Brasil ao promover o Showcase Scotland 2017, do Celtic Connections.

FESTIVAL MIMO DE CINEMA

O Festival MIMO de Cinema ocorre paralelamente à programação musical e é inteiramente dedicado a produções inéditas que tenham como fio condutor a música. São obras de diferentes gêneros, que cativam a plateia desde a primeira edição em 2004, com projeções ao ar livre, em telões, tendas, cineclubes e salas de exibição. Em Olinda, as projeções acontecem na Tenda da Ribeira. Com direção e curadoria de Rejane Zilles, as sessões de cinema contarão com a presença de diretores das obras.

Ao todo serão 12 filmes, entre eles o filme convidado ”João, O Maestro”, do cineasta Mauro Lima, sobre a brilhante trajetória do pianista João Carlos Martins. Outros destaques na programação são Fevereiros”, de Marcio Debelian, que segue os passos de Maria Bethânia no Carnaval de 2016, quando foi homenageada pelo vitorioso enredo da Mangueira, “Maria Bethânia: A menina dos olhos de Oyá”; e o documentário “Clara Estrela”, de Susanna Lira e Rodrigo Alzuguir, que conta, na primeira pessoa, a trajetória de Clara Nunes. Na mesma sessão, será exibido o mais recente trabalho do cineasta Beto Brant Ilú Obá de Min – Homenagem a Elza Soares, a Pérola Negra” – que acompanha o desfile do coletivo de tambores e corpo de baile formado exclusivamente por mulheres, pelas ruas de São Paulo no Carnaval de 2016, exaltando a cultura afro-brasileira.

Também estão na programação o longa Híbridos, os Espíritos do Brasil de Vincent Moon e Priscilla Telmon, que traz o tema dos rituais religiosos Brasil afora e toda a musicalidade que emerge desses fenômenos sociais. E a cinebiografia Torquato Neto – todas as horas do fim, sobre a vida e obra do poeta em diversas manifestações artísticas (a começar pela música) e o seu protagonismo na revolução cultural brasileira nas décadas de 1960 e 1970. Ele ficou conhecido como “o anjo torto da Tropicália”.

Premiado no Festival do Rio 2016, nas categorias “Melhor direção de documentário” e “Melhor fotografia”, o longa-metragem Super orquestra arcoverdense de ritmos americanos traz, em tom de fábula, um recorte do sertão contemporâneo, onde convivem festas de debutantes riquíssimas e pessoas e animais em paisagens áridas.

Completando a programação, uma rica seleção de curtas-metragens, onde a música é protagonista.

CHUVA DE POESIA

O MIMO Festival também dedica um espaço à literatura com a tradicional “Chuva de Poesia”. Em 2017, com o tema “Mulheres poetas pelo mundo”, serão atirados do alto das da Igreja da Sé, poemas de Ana Cristina Cesar, Hilda Hilst, Sophia de Mello Breyner Andresen, Marina Tsvietáieva, Safo, Emily Dickinson, Rupi Kaur, Chiyo-ni e Sono-jo.

Poesias impressas em papéis coloridos “voarão” das torres das referidas igrejas, permitindo ao público conhecer obras de importantes escritores de todo o mundo. A curadoria é do mineiro Guilherme Mansur.

PRÊMIO MIMO INSTRUMENTAL

Um incentivo à renovação musical no Brasil, o Prêmio MIMO Instrumental foi criado em 2014, através de edital próprio, com enorme sucesso. Tendo como objetivo revelar e valorizar os jovens talentos do país, oferece aos solistas e grupos vencedores a oportunidade de integrarem a programação oficial do MIMO Festival, nas cidades históricas por onde passa, ao lado das grandes atrações nacionais e estrangeiras. As inscrições foram feitas gratuitamente através do portal MIMO e de acordo com o regulamento divulgado, destinando-se apenas a brasileiros natos, entre 18 e 35 anos.

Desta vez, foram realizadas entre os dias 27 de junho e 4 de agosto. A eleição dos vencedores da 4 ª edição do Prêmio MIMO Instrumental trouxe uma novidade, se deu em duas etapas. Na primeira, a comissão avaliou os finalistas entre solistas e grupos de diferentes estados. Na segunda, coube ao público escolher os jovens talentos do ano, pela Internet (mimofestival.com). Os dez nomes foram indicados por Leonardo Lichote, jornalista do “Segundo Caderno”, de “O Globo” (RJ), e por Thiago Cury, idealizador e diretor do Festival Música Estranha e criador do selo Água Forte (SP), que tiveram como critérios a originalidade, a técnica e a inovação estética. Em seguida, os escolhidos foram submetidos à votação popular.

A disputa final ficou entre André Siqueira (RJ), Cainã Cavalcante & Michael Pipoquinha (CE), Duo Contrabando (RJ), Leandro César (MG), Lucas Estrela (PA), Marcelo Silveira (SP), Relógio de Dalí (RJ), Salomão Soares (PB), Thiago Almeida (CE) e Trio Clarioca (RJ). Os artistas selecionados pelo público para a programação do MIMO Festival 2017 foram: André Siqueira, que se apresentou no Circuito MIMO Tiradentes, Thiago Almeida, que fez concerto no Circuito MIMO Ouro Preto, o quarteto Relógio de Dalí, tocou no Palco Marina da Glória, no Rio, e Salomão Soares, que fará recital no MIMO Olinda em 18 de novembro, na Igreja de Nª Sª do Carmo. Lu Araújo define a premiação como “um momento especial de renovação”.

MIMO 2017, Rio


Créditos: Rogerio von Krüger


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Otto, Kusturica e Ondatrópica estão entre atrações do MIMO em Olinda