Gloria Groove

Divulgação Gloria Groove

Com carisma, talento e personalidade marcante, Gloria Groove, de 23 anos, é um nome expressivo da cena drag queen. Recentemente, ela emplacou seu hit Bumbum de Ouro e ela também é dona de sucessos como Muleke Brasileiro, Império e Gloriosa.

Leia nossa conversa com a paulistana, em que ela fala sobre música, militância gay, comportamento, entre outros assuntos.

Que artistas da nova cena mais gosta e indica?
Glória Groove – Amo Iza, Kafé, Rico Dalasam, As Bahias e a Cozinha Mineira, Os Não Recomendados, Rimas & Melodias…

Como espera se diferenciar de outras cantoras drags, já que há risco de ocorrer uma saturação?
Glória – Pretendo me destacar por ser capaz de atravessar gerações mostrando versatilidade e mil possibilidades musicais e visuais. Minha intenção é que o meu trabalho se torne lendário, e não que seja efêmero.

Acha importante reforçar o gênero do artista, dizer que é homem, mulher ou drag? Como evitar que isso ofusque a música em si?
Glória – Mais importante que reforçar identidades de gênero, é reforçar que sou um corpo presente no mundo, em plena fase de experimentos, tentando dar sentido a tudo isso através de uma representação artística. É importante que as pessoas me validem enquanto drag queen, mas mais importante ainda que validem enquanto voz e palavra no mercado fonográfico.

Quais são suas principais referências?
Glória – Minha mãe, solteira, mulher, cantora que me criou a duras penas mudando de um canto pra outro pela situação inconstante trabalhando com a música. As outras mulheres da minha família, que me ensinam hoje e sempre sobre amor e resiliência. Bey, RiRi, Nicki, Gaga… Elis Regina, Tim Maia, Flora Matos, Dalasam… RuPaul. Tantos!

Como é ser um espelho para meninos e meninas que não estão dentro da normatividade de gênero e como avalia as conquistas dos LGBTs em relação à visibilidade?
Glória – Relaciono nossas conquistas diretamente à nossa persistência e disponibilidade para tomar de assalto tudo que é nosso por direito e instinto de sobrevivência. Me lembro que não tinha um ídolo superstar drag pra me inspirar enquanto criança, e de pensar que não tive isso, para que um dia viesse a ser isso para alguém… é mais que reconfortante!

Ao mesmo tempo em que o Brasil é o país onde mais se mata gays, os LGBTs vem conquistando importante espaço na moda, nas capas de revistas, especialmente entre as trans. Crê que logo teremos mais gente ocupando cargos de liderança, como empresárias, médicas. advogadas, pesquisadoras?
Glória –
  Por mais que seja difícil, acredito que minha função enquanto artista é seguir acreditando que o mundo tem chances de ser um lugar melhor, mais tolerante e menos hostil. Acredito plenamente que a força do nosso trabalho ajuda e muito a desconstruir valores ultrapassados da nossa sociedade, e que dê lugar a uma maior tolerância diante de minorias ocupando espaços de poder.

A música pode ser um antídoto contra o preconceito e ajudar a sociedade a assimilar novas formas de entender as sexualidades?
Glória – Sem dúvidas. A música, de sua concepção até sua repercussão, lida com algo muito latente que é o sentimento do ser humano que tá ouvindo. A gente conta com esse momento, em que a pessoa curte tanto o som que só vai se preocupar depois em saber “quem” tá cantando. Isso é determinante na busca pela validação e respeito do público em geral.


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'Minha intenção é que o meu trabalho se torne lendário, diz Gloria Groove, popstar drag