Conheça rappers gays responsáveis por renovar o gênero


Créditos: Getty Images

“Oh this fag can rap? Yeah they saying that they listening/ah, essa bicha pode fazer rap? sim, estão dizendo que estão ouvindo)”. A letra de Wavvy, do rapper norte-americano Mykki Blanco, embala a luta de outros artistas do gênero, que se irritam pelo fato de sua orientação sexual chamar mais atenção do que o seu trabalho.

O rap de Blanco, alter ego do cantor e poeta Michael David Quattlebaum, também é uma resposta a declarações recheadas de intolerância como a de Snoop Dogg, que durante uma entrevista ao site Huffington Post afirmou que ‘não há espaço para gays no mundo do hip hop’. 

Na esteira do pioneiro Mykki Blanco, uma onda de artistas gays como o duo nova-iorquino House of Ladosha, as lésbicas do Theesatisfaction e o transexual Rocco Katastrophe não plenejam restringir o seu trabalho aos guetos/redutos gays e avançam com força em direção ao mainstream. 



Um deles já chegou lá. Frank Ocean, membro do coletivo Odd Future (do qual também faz parte Syd tha Kid, que é abertamente lésbica), saiu do armário em junho de 2012, semanas antes de lançar seu primeiro e elogiado álbum solo channel ORANGE, em que fala sobre o amor que sente por outro homem. Em faixas como Bad Religion, Pink Matter e Forrest Gump, Ocean canta sobre paixão e faz referências óbvias a ‘ele’, e não ‘ela’. 

O fato é que uma grande cena estava a todo vapor, antes mesmo das declarações de Ocean. Em março do mesmo ano, o produtor Diplo lançou a faixa Express Yourself, em parceria com o rapper gay Nicky Da B. Mais tarde foi a vez de Azealia Banks assumir sua bissexualidade e do cantor Le1f, produtor do coletivo Das Racist, lançar sua mixtape de estreia, Dark York, que recebeu bons elogios da crítica especializada. 



A aceitação dos novos nomes do rap tem sido lentamente conquistada. Apesar da homofobia explícita ainda percorrer gêneros como o reggae, o rock e o metal, o rap permanece o mais intolerante. Basta lembrar rimas de nomes como Eazy E (“This is one faggot that I had to hurt/essa é uma bicha que eu tive que machucar”), Eminem (“Hate fags? The answer’s yes/odeia bichas? a resposta é sim'”) e Lil Wayne (“I ain’t got no worries, no, Frank Ocean, I’m straight/não estou preocupado, Frank Ocean, sou hétero”), para absorver o pensamento preconceituoso de grandes astros da cena.  

Em contrapartida, alguns membros da comunidade hip hop, como 50 Cent, condenam qualquer tipo de preconceito no mundo do rap: “Qualquer um que tenha qualquer problema com Frank Ocean é um idiota”. Em resumo, os artistas da galeria acima estão ligados por sua sexualidade, mas ser gay não é um gênero musical. É apenas uma faceta da personalidade de cada artista e uma forma de renovar o hip hop.




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Música e intolerância: conheça rappers gays responsáveis por renovar o gênero