“O que eu fiz está feito”: uma conversa com Marina Lima sobre seus 40 anos de carreira

Marina Lima é um dos grandes ícones da Música Brasileira. Quem nasceu na década de 1990 – ou têm pais que viveram nesta época – com certeza conhece algum de seus inúmeros hits, como “Fullgás” ou “À Francesa”.

Mas não pense que Marina parou no tempo! Apesar dos sucessos passados, a cantora continua na ativa – tendo lançado recentemente o EP “Motim”, que conta com a participação do rapper Mano Brown. Além disso, recentemente também foi lançado o Songbook completo da artista, que junta em um lugar só todas as suas 175 músicas.

No dia 11 de setembro, Marina será um dos nomes do “Amazon Music: Palco Coala”, uma iniciativa da Amazon Music junto ao Coala Festival e Altafonte. Em antecipação ao evento, Marina Lima conversou com o Virgula sobre o passado, o presente e o futuro da sua carreira musical.

Amazon Music: Palco Coala 

“O convite veio através da Altafonte, que é quem administra a minha editora, “Fullgás”. Eu fiquei muito feliz, porque a gente está carente de fazer coisas, ainda mais junto com outras pessoas, já que lives normalmente a gente faz sozinha, né?”, disse a cantora.

Pandemia

Marina aproveitou o tempo dentro de casa para se dedicar à música. “Eu produzi mais [durante a quarentena] porque, como todo o resto não podia – não podia sair, não podia fazer show, não podia ver amigo, não podia nada –, eu acabei me ligando o tempo inteiro na música, estudando, compondo”, revelou.

Songbook

Neste meio tempo, ela lançou um um songbook recapitulando toda a sua trajetória musical. “Eu já queria fazer um songbook há algum tempo, e daí eu aproveitei que tinha este tempo sobrando e terminei o songbook, e o lancei junto com o EP. Neste sentido, foi positivo… Mas foi uma reviravolta, porque, de qualquer maneira, eu acho que a pandemia fez – não só para os artistas, mas para muita gente – uma imersão, você tem que rever tudo, rever o mundo, a forma como a gente está vivendo, como você se apresenta, para saber o que você quer aproveitar disso e o que você acha que não serve mais. Neste sentido foi legal! Mas a maioria das coisas foi ruim, porque foram várias impossibilitações.

Sobre o lançamento em si, ela disse: “Teve dois lados. Um lado é o de que eu não tenho muito saco para revisitar coisas antigas, porque, senão, eu não faço o agora! Então eu sempre tive uma certa implicância com essa coisa revisionista”. “Ao mesmo tempo, era importante como uma mulher que tem uma obra vários discos e 40 anos de carreira, organizar tudo isso para chegar com a obra toda pronta. Um songbook é meio que o sonho de todo compositor. Então olhar para isso, organizar isso com um outro músico [Giovanni Bizzotto] foi muito importante para eu organizar a minha vida musical e chegar nos lugares com uma obra. Falar ‘Olha, eu tenho uma obra! Eu tenho 21 discos, eu tenho um livro de partituras, eu tenho um songbook!’, entendeu? ‘Há de se levar em consideração agora isso’. Então, por esse lado, foi muito legal”, completou.

Músicas preferidas 

Quando o assunto são suas músicas antigas, Marina contou que vive uma relação de amor e ódio com algumas delas. “Às vezes eu enjoo de alguma música e dou um tempo de tocar, ou então retomo outras, sabe? Isso é uma coisa legal de ter tanta música, porque você pode variar. Têm umas coisas que não podem faltar se não público me mata! Mas às vezes eu enjoo e às vezes eu redescubro [músicas]”, revelou.

Já quando falamos sobre seu novo EP, a cantora afirmou gostar de todas as faixas divulgadas. “Eu componho com o violão, que é meu instrumento primeiro, e música eletrônica, que eu adoro. Eu adoro trabalhar e compor com programas eletrônicos. Então eu escolhi duas músicas acústicas e duas eletrônicas para mostrar um pouco as vertentes que eu sigo”, disse. Depois, falou em tom de brincadeira: “se eu gravei, é porque eu gosto! Se eu não gostar, não gravo”.

A cantora também deu a sua opinião sobre os artistas que regravam seus sucessos. Para ela, é uma honra que isso aconteça, “primeiro”, nas palavras da artista, “porque é um sinal de que eles gostaram da minha música a ponto de terem gravado”.”É sinal de que eles estão dizendo ‘Olha lá a Marina, eu simpatizo!’! Eu fico feliz”, completou.

“Motim”

Junto com o songbook, Marina também lançou o EP “Motim”, que conta com quatro faixas. O projeto reúne músicas eletrônicas e acústicas inéditas, e também tem a participação de Mano Brown.

“Como eu estou falando, eu não sou uma pessoa de ficar olhando muito para trás. Eu acho que o que eu fiz está feito”, disse, completando, “eu sou uma artista – na verdade, um ser humano – muito curiosa. Eu gosto do tempo que me foi dado. E, enquanto eu estiver viva, o tempo que me foi dado é esse! Então eu estou sempre vendo, dentro de novos artistas e músicas que foram lançadas, aquilo que eu me identifico musicalmente, aquilo que me atrai, aquilo que eu gosto. E isso não é nem um exercício para mim, porque é do meu temperamento”.

“O Mano Brown é um cara que a gente ‘namora’, e que a gente fala de trabalhar junto há muito tempo. Agora, com a pandemia, eu achei que era uma oportunidade, e ele também achou”, comentou, sobre a parceria com o rapper.

Futuro

Quando o assunto é o futuro de sua carreira, a cantora confessou que gostaria de explorar a produção de trilhas sonoras. Mas não as com letras, como ela mesma ressaltou. “Como eu domino bem a parte musical – eu trabalho com música eletrônica há muito tempo, geralmente eu componho a parte musical antes das letras e eu adoro música instrumental –, eu tenho vontade de fazer trilhas. É um caminho que eu quero experimentar um pouco agora”, afirmou.


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"O que eu fiz está feito": uma conversa com Marina Lima sobre seus 40 anos de carreira

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