Banner do Lollapalooza 2015

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Crédito: Reprodução/Flickr/Lollapalooza

Se o nosso rei, Roberto Carlos, estivesse dado um rolê entre os palcos do segundo dia do Lollapalooza Brasil, que rolou no domingo (29) e levou 70 mil pessoas ao Autódromo de Interlagos, em São Paulo, ele certamente diria sua famosa frase : “São tantas emoções”. E com razão! É bem essa a ideia do festival e a gente pôde comprovar de perto. Quem foi ao Lolla deu de cara com shows para sorrir, chorar, rir, pular, fritar, se jogar, ou seja; um mar de sentimentos dos mais variados. Tudo num único dia.

Das atrações, dois gigantes fizeram jus aos seus enormes cachês e foram os donos da noite: primeiro Pharrell Williams e  sua mistura de R&B com rap e muitas pitadas de felicidade, e depois Calvin Harris, rei da EDM (electronic dance music) e vice-campeão no quesito cachê, somente atrás de Pharrell.

Mas não foi só isso. Teve muito muito mais:

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Crédito: Reprodução/Flickr/Lollapalooza

Only happy when it rains

Muito se falou sobre o Interpol mostrar seu som ‘da noite’ embaixo de um sol escaldante bem no meio da tarde, já que a banda tocaria às 15h25. Mas foi só o grupo do dândi Paul Banks soltar os primeiros acordes de Say Hello To The Angels que o sol vazou rapidinho e não voltou mais. Ou seja; um problema resolvido. Só que, sem ele, veio a chuva.

Os nova-iorquinos fizeram boa parte do show embaixo de pingos grossos, que esfriaram um pouco o ânimo de quem estava no palco Skol. Teve canções lindíssimas do aclamado primeiro álbum, Turn On The Bright Lights (2002), como Leif Erickson, PDA, NYC e The New, e também outras conhecidas da carreira da banda, como Evil, Narc e My Chemistry. Do disco novo, El Pintor, apenas Anywhere, Everything Is Wrong e All The Rage Back Home estiveram no setlist. Pena mesmo foi terem deixado Obstacle 1 de fora da turnê sul-americana. Os fãs ‘das antigas’ ficaram #xatiados.

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Crédito: Reprodução/Flickr/Lollapalooza

Dá um look no set dos caras:

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(Crédito: Tábita Araujo)

 Nova encarnação do britpop

Com o fim do show do Interpol, boa parte dos indies do Lolla rumaram ao palco Onix para checar se o The Kooks brilhava ao vivo mesmo. Os ingleses, que fazem um mix legal de indie e pop, se mostraram eficientes em disparar descargas melódicas de alto poder, em hits como Always Where I Need to Be, Junk of the Heart, Forgive and Forget e Naïve. Foi bem bonitinho.

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Crédito: Reprodução/Flickr/Lollapalooza

Stoner baiano

Maior nome do rock nacional dessa edição e artista nacional com maior prestígio – e provavelmente de maior cachê – Pitty começou seu show com a segurança de quem sabe o que tá fazendo. Ela mandou seu som, que se aproxima de um stoner baiano, tocando percussão em algumas faixas e invocando Iansã, deusa dos raios. A vibe foi do xamanismo ao puro culto à aura rocker. A diferença é que ela é mulher, o que torna tudo muito mais interessante e, diante do machismo em que vivemos, transgressor.

A atitude um tanto blasé do público logo desmoronou quando a cantora recorreu aos seus clássicos. Todo mundo cantou: “Que você me adora/ Que me acha foda“. A gente acha mesmo. Uma garotinha que não devia ter nem 5 anos cantava do nosso lado e isso nos deu esperança de um mundo com mais Pittys e St. Vincents. Naquele mesmo palco, um dia antes, a americana performática, que injeta arte no rock, havia destroçado corações.

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Crédito: Reprodução/Flickr/Lollapalooza

Indie engomadinho

Eles cresceram, trocaram as camisas polos por ternos alinhados e voltaram ao Lolla para apresentar seu indie pop arrumadinho sem medo de ser feliz. O Foster The People encheu os corações da moçada mais nova, maioria no local, e por isso acabou lotando o palco Skol.

O grupo de Mark Foster apostou em músicas mais recentes, do disco Supermodel, mas foram os hits Helena Beat e Pumped Up Kicks que fizeram o público pirar. Ao final do show o trio até entrou na onda de flertar com o eletrônico (da mesma forma que fizeram quando se apresentaram na primeira edição brasileira do festival, em 2012) mas não foi de leve. Dava até pra dizer que eles eram fortes concorrentes ao título de melhor show da noite. Mas, calma, ainda tinha Calvin Harris e Pharrell.

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Crédito: Reprodução/Flickr/Lollapalooza

Prazer, Gambino!

Apesar do cara vir do rap, Childish Gambino trouxe para o Lolla um show digno de estrela do rock. Com uma banda potente e altamente estilosa (o que era o cabelo daquele tecladista?) e um público pequeno, mas animado, a apresentação foi uma explosão de beats e riffs de guitarra que levou seus fãs – os do cantor e os do ator de Community – a cantarem juntos.

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Crédito: Reprodução/Flickr/Lollapalooza

Som pra massa (e que massa!)

Olha, a gente pode dizer que uns 90% do público que foi domingo no Lolla queria ver um dos DJs e produtores mais cultuados do planeta, Calvin Harris. Por quê? Simplesmente o cara roubou o público de todas os palcos que estavam rolando ao mesmo tempo que o dele. O festival INTEIRO estava no palco Onix para ver sua performance esmagadora. E foi mesmo!

Com o som absurdamente alto, o escocês fez um oceano de gente pular e abanar os braços de forma sincronizada com seu som eletrônico de cantar junto. A galera pirou e foi bonito de ver. No set, I Need Your Love, I Feel So Close, Summer e We Found Love (que tem a voz de Rihanna) conquistaram geral. Não tinha como ficar parado.

A essa hora as pessoas nem se lembravam mais do Foster The People…

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Crédito: Reprodução/Flickr/Lollapalooza

Felizão da vida

Quem nunca teve a chance de ver um show do Michael Jackson na vida pôde ter um cheirinho do que era estar diante do rei do pop na apresentação de Pharrell Williams no Lolla. Calma, a gente sabe que Michael é insuperável, mas no quesito groove, vibe e desfile de hits, o show do Pharrell passou essa ideia, sacou?

É a música pop como ela deve ser: pop! Além disso, Pharrell é o cara. Tudo em que o músico põe as mãos vira ouro. É o colaborador/produtor/hitmaker dos sonhos das maiores estrelas da música. Uma prova disso são as canções Drop It Like It’s Hot e  Hollaback Girl, que ele fez em parceria com Snoop Dogg e Gwen Steffani, respectivamente, e que estiveram em seu showzaço do Lolla.

Acompanhado de cinco dançarinas (que deram show à parte), o cantor se baseou em seu mais recente disco, G I R L, mas não demorou muito para fazer um compilado de hits de sua carreira. Rolou Rock Star e Lapdance do N.E.R.D., e Blurred Lines, do Robin Thicke. Super simpaticão, ele chamou manos, minas e crianças para subir no palco e fez a curtição acontecer. Tem como não amar?

Mas para ele, a festa não estava completa ainda. A cartada final (e que todos esperavam) veio com a sequência matadora dos hits Get Lucky, Lose Yourself To Dance (feitas com o Daft Punk), Gust of Wind e a mais esperada da noite: Happy, cantada e dançada por TODAS as pessoas no festival, do fã ao faxineiro, do produtor ao motorista da van. Foi o lacre com a chave de ouro.

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Crédito: Reprodução/Flickr/Lollapalooza

Pega essa vibe:

Palco Perry ficou pequeno para Aoki

A multidão que saiu da apresentação apoteótica de Calvin Harris queria mais EDM. E, para eles, todos os caminhos levavam ao Palco Perry, o menor deles. Resultado. Filas quilométricas para ver o DJ americano Steve Aoki, mais conhecido por suas palhaçadas, como jogar bolo na cara dos fãs e surfar na galera com um bote inflável, do que pela música ultracomercial. Ninguém aqui, no entanto, pode ser crucificado por isso num festival que mira a música pop. As filas falavam por si. Todos queriam Aoki.

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Crédito: Reprodução/Flickr/Lollapalooza

 Parecia tristeza, mas (também) era felicidade

Enquanto uns estavam sendo felizes no palco Skol com o show do Pharrell, outros foram conferir a melancolia guitarreira do Sr. Billy Corgan, o cabeça à frente do Smashing Pumpkins. O show trouxe memórias amargas a seus fãs desde seu anúncio. Quem esteve na última apresentação do grupo, em 2010, temia outra decepção (leia-se, ver novamente um bandleader desinteressado, acompanhado de uma banda juvenil).

Sorte a de quem resolveu dar uma chance ao gigante careca: o que se viu na apresentação deste domingo foi uma reunião de fãs que aguardavam desde a década de 1990 um motivo para fazer valer todos os reais torrados em CDs, camisetas com a insígnia ZERO e demais objetos que os tornassem seguidores da turma de Corgan.

O show abriu com Cherub Rock, do disco Siamese Dream, de 1994. Assim como na abertura do álbum, a música deu uma ideia do que estava por vir. Em seguida, Tonight, Tonight e Ava Adore. A partir dali, estava permitido mostrar sons novos, do álbum Monuments to an Elegy, sem destoar dos hits espalhados pelos quase 30 anos de existência da banda. Billy, de bom humor, ainda falou sobre seu aniversário da semana passada, e sobre o falecimento de seu gato, Sam, e dedicou Disarm para ele. Óun!

O bis teve uma versão acústica de Today, seguido por fogos de artifício que anunciavam o fim de mais uma edição do Lollapalooza. Um final perfeito, não?

(Confira a matéria completa do show aqui)

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Crédito: Reprodução/Flickr/Lollapalooza

Lá se vai mais um Lollapalooza Brasil e a gente vai ficando mal-acostumado, já ansioso pela próxima edição. Citando Robertão mais uma vez, podemos dizer :”Lollapalooza, como é grande o meu amor por você”. Vai dizer que não é?

Mas agora já era, só ano que vem. Então, mergulhe de cabeça nas fotos da edição de 2015 e relembre os melhores momentos:

Lollapalooza 2015, segundo dia

Daniel Kessler, do Interpol
Daniel Kessler, do Interpol
Créditos: Getty Images

Colaborou Fabiano Alcântara e Bia Bonduki

 


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Pharrell deixa todo mundo happy e Calvin Harris arrasta multidão no 2º dia do Lollapalooza Brasil